São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2005

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ERIKA PALOMINO

LOUCURINHAS DA MODA: LUXO E RIQUEZA EM PARIS

Chega ao fim mais uma temporada de moda. O mundo começa então a funcionar. Os lançamentos de inverno 2005/2006 em Paris consagram mais uma vez a cidade como principal capital da moda. No segundo tempo, é verdade, praticamente nos lances finais, deu-se a grande virada. O gol ficou por conta dos desfiles de YSL e Louis Vuitton.

 

Dois estrangeiros, o italiano Stefano Pilati e o americano Marc Jacobs, celebram a nova elegância parisiense, que o planeta quer ter -ou copiar. Palavras-chave: austeridade e sofisticação. Na YSL, Pilati buscou um viés religioso para falar de rigor e contrição. Marc Jacobs acionou a austeridade vienense para uma coleção de luxo extremo, que dá até calafrios. Nos dois casos, roupas que significam o hoje, as vontades atuais e aquelas que estão no ar e ainda não sabíamos disso.
Duas inglesas, Stella McCartney e Phoebe Philo, também arrasaram, consolidando seu estilo jovem e cool, baseado numa silhueta solta. Palavras-chave: desconstrução e romantismo urbano. Tema? Inspiração? Nada. Só roupas para a vida real de meninas legais, que gostam de moda, são autoconfiantes, poderosas no que fazem.
Dois mestres da alta-costura, Alexander McQueen e John Galliano, olharam para o universo do cinema. Palavras-chave: glamour e retrô. O primeiro acionou um inesperado approach de divas hollywoodianas, das heroínas de Hitchcock (nos inacreditáveis looks Tippi Hedren do início), passando por Marilyn Monroe (Hanelore, no papel de sua vida!), e conturbadas em geral. Foi inesperado para McQueen e gostoso para o público de ver. Estava um frio de rachar, e os fashionistas ganharam cobertores para colocar no colo, com uma lã da própria coleção. Divertido.
A palavra-chave da estação é volume, numa temporada de menos tendências definidas. Tem bastante 60, mas mais pela geometria das linhas e pela evolução do final dos 50, a silhueta de Balenciaga, o da época. Pesquise. E bom inverno 2006!

Colaborou Sergio Amaral
@ - epalomino@folhasp.com.br

CONVERSINHA

Carol Trentini, 17, é a modelo brasileira que todo mundo está amando. Claro: ela é uma fofa da fofa!!! Nesta temporada fez 80 desfiles entre Marc Jacobs, Calvin Klein, JLo, Marni, Versace, D&G, Balenciaga, Rochas, McQueen, Stella, Chloé, Chanel, Dior, YSL, Chalayan, Galliano, Vuitton... A lista é giga! Terminada a correria, Carol, querida querida, fez questão de falar com a gente.
 

Folha - Carol, de todos os desfiles, de qual você gostou mais?
Carol Trentini -
Aqui em Paris eu me identifiquei bastante com o da Chloé, que é sempre mais cool, e tem a ver com meu estilo. Também adorei fazer Rochas, que foi lindo, e YSL, porque o Stefano é um superestilista; ele merece. Dá para ver que ele faz a roupa com prazer, sabe? Ele é simples e querido. As pessoas mais legais, as que chegaram lá, são as mais simples. O Marc Jacobs também é superlegal.
Folha - E das modelos? Quais são suas amigas?
Trentini -
Das brasileiras, a Bruna Erhardt e a Cíntia Dicker. Das gringas tem a Heather Marks, a Lily Donaldson, a Natasha Poly... Ajuda bastante ter as amigas.

10 Hypes de Paris

1 Dita Von Teese. A mulher de Marilyn Manson também é stripper e roubou a cena em todas as primeiras filas em que apareceu com seus looks de pin-up anos 50. Uma verdadeira inspiração.

2 Amelie Von Wulffen. Jovem artista alemã com trabalho feminino e autoral. Sua pequena mostra no Georges Pompidou é uma jóia a ser descoberta.

3 Le Baron. O clube do momento. Pequeno, com seleção na porta, toca música intencionalmente cafona, mas a combinação de seus ingredientes (luz escura, gente interessante e adulta, e o tamanho realmente incrível) torna tudo especial. Fica no número 6 da avenue Marceau.

4 L'Atelier. O restaurante, do simpático e reservado Hotel Pont Royal, tem cozinha de degustação supercriativa e leve. O melhor: o serviço é somente no balcão, o que torna tudo informal e relaxado -atmosfera rara na alta cuisine parisiense. O chef é Joël Robuchon e o endereço é 5, rue de Montalembert.

5 Charles Anastase. O ilustrador da campanha Chance, de Calvin Klein, começa a aparecer também com sua linha de roupas. Fez pequena apresentação no primeiro dia da temporada, no adorável Hotel Bristol, e está arrebentando na Maria Luisa com peças com seus desenhos -ele tem ainda uma linda série de porcelanas.

6 "Rebelfuturism vol. 2". A melhor coletânea de electro do momento, com a sensacional "Vive La Difference", do Portobella, em remix do Playgroup; para mim uma das músicas da viagem.

7 Lou Doillon. Simplesmente a menina mais cool . É a filha da Jane Birkin e meia-irmã de Charlotte Gainsbourg. Pernas compridas, rosto forte, estilo e personalidade, muitos sorrisos, pouco carão.

8 The Kills. A banda de rock da hora por aqui. Seu disco "No Wow" tem a energia de White Stripes, a languidez de Pat Smith e o sex-appeal de PJ Harvey. Não consigo parar de ouvir.

9 "Pop". A revista bianual fez uma edição ontológica com Jeniffer Lopes chorando na capa. Traz a stylist e editora Katie Grand em grande forma, provando que é uma das mais instigantes, criativas e interessantes profissionais da moda hoje. Fora que ela arrasou na Vuitton, né?

10 Café de Flore. Não é novidade, muito pelo contrário, mas continua o melhor lugar para encontros em Paris. Peça um Croque Messier ou minha nova descoberta, o club-sandwich Sonya Rikiel (!), que vem sem pão e sem maionese. Eu pedi o meu também sem bacon, claro.


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