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CDS
POP
Lançamento de sétimo disco do duo, que investe em letras desbocadas, tem festa em São Paulo com dublagem de músicas
Tetine embarca na onda do funk carioca
ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA
Para carimbar definitivamente
o selo "hype" no funk carioca, o
duo pop eletrônico Tetine marca
seu flerte com o batidão lançando
o disco "Bonde do Tetão".
O sétimo álbum do casal de músicos-performers Eliete Mejorado
e Bruno Verner sai pela independente Bizarre e tem festa de lançamento, na segunda, no Emanoele.
Essa, infelizmente, não será a esperada segunda chance de rever a
performance da dupla, que causou frisson na edição paulistana
do sónarsound, em 2004, com o
aplaudido topless de Eliete.
"Não conseguimos agendar
passagens e vamos para o Winter
Music Conference [em Miami].
Então convidamos algumas pessoas para dublarem as músicas",
conta Verner, 33, de Londres, onde eles vivem desde 1999.
A espera, no entanto, não deve
ser longa. A dupla está cotada para apresentar o repertório do álbum na Electro Hype Fair, que
acontece em abril, no Palácio das
Convenções do Anhembi.
A maioria das músicas de "Bonde..." tem letras em português. A
versão do Tetine para o funk é tão
desbocada quanto o original carioca, com letras ao gosto de Tati
Quebra-Barraco, como na ótima
"Cereti", em que uma tal de Anete
rima "comida: chiclete/ roupa:
corpete/ hobby: boquete...".
"É um disco celebratório. Cantamos em português de rua. Chamamos de "queer funk" [funk
gay], porque não fala só da relação de homem com mulher; tem
também o outro lado: homem
com homem e mulher com mulher", diz Verner, lembrando de
temática recorrente para a dupla.
A sonoridade, entretanto, pega
leve no pancadão e pende mais
para o electro. "O que a gente faz é
electrofunk", explica Verner. "Eu
considero o funk carioca o grande
electro do mundo."
"Bonde do Tetão" é o resultado
de um namoro entre o Tetine e o
funk carioca que começou em
2002, quando saiu o álbum "Samba de Monalisa", parceria da dupla com a artista multimídia francesa Sophie Calle.
"Nos shows do disco, tocávamos faixas de funk carioca", lembra Verner. "Sempre fizemos música eletrônica, mas odiamos ficar
atrás do computador. Achamos
que a eletrônica precisa de cara,
de alguém se mostrando, e o funk
carioca tem tudo isso", acrescenta
o músico.
O próximo passo foi divulgar o
batidão no "Slum Dunk", programa que o casal mantém em uma
rádio de Londres. Além de seus próprios sets de funk, o Tetine emplacou uma miniturnê do DJ Marlboro em clubes londrinos e também mixou a primeira coletânea
de funk lançada na Europa
-"Slum Dunk Presents Funk Carioca" (Mr. Bongo).
Verner garante ainda que, neste
mês, o "Slum Dunk" promove a
estréia mundial, em Londres, do
documentário sobre funk carioca
"Eu Sou Feia, Mas Tô na Moda",
de Denise Garcia.
A trajetória do Tetine e a dos
funkeiros têm suas semelhanças.
Assim como os cariocas, que até
pouco tempo atrás recebiam
olhares atravessados, o experimentalismo do duo sempre atraiu
público restrito.
A opção por trabalhos mais musicais aproximou a dupla da cena
electro. O processo chegou ao ápice com o álbum "Men in Uniform" (2003), cuja faixa-título foi incluída em uma
compilação de electroclash do produtor norte-americano Larry Tee.
Bonde do Tetão
Artista: Tetine
Gravadora: Bizarre
Quanto: R$ 17
Lançamento: seg., às 23h, no
Emanoele (r. Augusta, 877,
Cerqueira César, SP, tel. 0/
xx/11/3709-2230); ingr.: R$ 10
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