São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2005

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CDS

POP

Lançamento de sétimo disco do duo, que investe em letras desbocadas, tem festa em São Paulo com dublagem de músicas

Tetine embarca na onda do funk carioca

ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA

Para carimbar definitivamente o selo "hype" no funk carioca, o duo pop eletrônico Tetine marca seu flerte com o batidão lançando o disco "Bonde do Tetão".
O sétimo álbum do casal de músicos-performers Eliete Mejorado e Bruno Verner sai pela independente Bizarre e tem festa de lançamento, na segunda, no Emanoele.
Essa, infelizmente, não será a esperada segunda chance de rever a performance da dupla, que causou frisson na edição paulistana do sónarsound, em 2004, com o aplaudido topless de Eliete.
"Não conseguimos agendar passagens e vamos para o Winter Music Conference [em Miami]. Então convidamos algumas pessoas para dublarem as músicas", conta Verner, 33, de Londres, onde eles vivem desde 1999.
A espera, no entanto, não deve ser longa. A dupla está cotada para apresentar o repertório do álbum na Electro Hype Fair, que acontece em abril, no Palácio das Convenções do Anhembi.
A maioria das músicas de "Bonde..." tem letras em português. A versão do Tetine para o funk é tão desbocada quanto o original carioca, com letras ao gosto de Tati Quebra-Barraco, como na ótima "Cereti", em que uma tal de Anete rima "comida: chiclete/ roupa: corpete/ hobby: boquete...".
"É um disco celebratório. Cantamos em português de rua. Chamamos de "queer funk" [funk gay], porque não fala só da relação de homem com mulher; tem também o outro lado: homem com homem e mulher com mulher", diz Verner, lembrando de temática recorrente para a dupla.
A sonoridade, entretanto, pega leve no pancadão e pende mais para o electro. "O que a gente faz é electrofunk", explica Verner. "Eu considero o funk carioca o grande electro do mundo."
"Bonde do Tetão" é o resultado de um namoro entre o Tetine e o funk carioca que começou em 2002, quando saiu o álbum "Samba de Monalisa", parceria da dupla com a artista multimídia francesa Sophie Calle.
"Nos shows do disco, tocávamos faixas de funk carioca", lembra Verner. "Sempre fizemos música eletrônica, mas odiamos ficar atrás do computador. Achamos que a eletrônica precisa de cara, de alguém se mostrando, e o funk carioca tem tudo isso", acrescenta o músico.
O próximo passo foi divulgar o batidão no "Slum Dunk", programa que o casal mantém em uma rádio de Londres. Além de seus próprios sets de funk, o Tetine emplacou uma miniturnê do DJ Marlboro em clubes londrinos e também mixou a primeira coletânea de funk lançada na Europa -"Slum Dunk Presents Funk Carioca" (Mr. Bongo).
Verner garante ainda que, neste mês, o "Slum Dunk" promove a estréia mundial, em Londres, do documentário sobre funk carioca "Eu Sou Feia, Mas Tô na Moda", de Denise Garcia.
A trajetória do Tetine e a dos funkeiros têm suas semelhanças. Assim como os cariocas, que até pouco tempo atrás recebiam olhares atravessados, o experimentalismo do duo sempre atraiu público restrito.
A opção por trabalhos mais musicais aproximou a dupla da cena electro. O processo chegou ao ápice com o álbum "Men in Uniform" (2003), cuja faixa-título foi incluída em uma compilação de electroclash do produtor norte-americano Larry Tee.


Bonde do Tetão
Artista:
Tetine
Gravadora: Bizarre
Quanto: R$ 17
Lançamento: seg., às 23h, no Emanoele (r. Augusta, 877, Cerqueira César, SP, tel. 0/ xx/11/3709-2230); ingr.: R$ 10


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