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Após 20 anos, filha do pintor mantém interdição do filme
da Reportagem Local
free-lance para a Folha
Passados 20 anos da proibição de
"Di", a filha adotiva do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti Veiga, não
mudou em um milímetro sua posição. O filme continua interditado.
"Glauber fez o que bem quis porque eu estava em estado de choque
e não consegui impedi-lo", afirmou, em entrevista à Folha na semana passada.
"Nunca assisti e nunca vou querer vê-lo, pois a imagem que guardo de meu pai é diferente daquela
como ele morreu."
Elizabeth salientou que não pediu, no processo, a destruição do
documentário. "Sempre dei apoio
a todos os artistas. Dia desses eu
morro e o filme fica. Mas é bom
lembrar que só as obras verdadeiras permanecem. As fajutas, desaparecem."
O caso "Di"
"Di", o filme, já havia passado
por Cannes, sido exibido pela TV
Educativa do Rio e estava prestes a
estrear comercialmente -como
complemento a outro filme de
Glauber Rocha, "Cabeças Cortadas"- quando o advogado Eduardo Mattar, a pedido de Elizabeth,
conseguiu uma liminar proibindo
sua exibição.
A ação judicial de apreensão do
filme foi impetrada por Mattar
contra a Glauber Rocha Produções
Artísticas, Lívio Bruni (produtor
da Embrafilme) e a própria Embrafilme, distribuidora da película.
Segundo Dario Corrêa, representante da distribuidora, o juiz considerou o filme uma ofensa à família
e ao direito de imagem.
A Embrafilme foi processada,
mas Glauber e Bruni não foram citados no processo, por desistência
de Elizabeth.
Em 1º de junho de 1981, o juiz
Mauro Nogueira, da 7ª Vara Cível
do Rio de Janeiro, decretou que a
Embrafilme depositasse matriz e
cópias no MIS (Museu da Imagem
e do Som) do Rio.
Ordenou ainda que a distribuidora pagasse a Elizabeth Di Cavalcanti uma indenização por danos
morais de Cr$ 1 milhão -cerca de
R$ 23 mil hoje.
O valor foi pago pela distribuidora, corrigido para Cr$ 10 milhões,
em maio de 1983, após ela ter recorrido da sentença de 1981.
Além disso, ficou decidido que,
cada vez que a Embrafilme exibisse a fita em uma sessão pública, pagaria uma multa de Cr$ 100 mil por
exibição (hoje, cerca de R$ 2.300).
Felipe Falcão, especialista em direito autoral e representante da família Rocha, tentou, no final de
1984, anular a decisão do Tribunal
de Justiça do Rio por meio de uma
ação rescisória (para invalidar
processo anterior).
"Elizabeth não recebia o oficial
de Justiça e atrasou o trâmite da
ação além do prazo, invalidando-a
para o tribunal", afirma.
Falcão, hoje advogado do espólio
de Glauber, ainda não desistiu.
Agora, apóia-se na extinção da
Embrafilme, em 1991, para tentar
deslocar a ação rescisória para a
competência federal.
"Com a extinção da Embrafilme,
a competência do processo foi
transferida do Tribunal de Justiça
do Rio para o Tribunal Regional
Federal. Então, acho que a minha
ação rescisória, anulada pelo tribunal do Rio, deve ser revista na
esfera federal."
(IF e PSL)
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