São Paulo, Sexta-feira, 11 de Junho de 1999
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Até os dentes

da Redação

É sufocante e insuportável. É pesado e violento. É coeso. É tão cruel quanto as mortes cotidianas na periferia -mortes surdas para a classe média, a mesma que consome rap nos EUA e no Brasil.
"Se Deus Vier, Que Venha Armado" é um tiro de bazuca nos policiais, mais assassino que as balas deflagradas por eles. Pavilhão 9 está mais roqueiro, mais sujo e menos experimental do que em "Cadeia Nacional" -uma secura incômoda porque reflexiva.
A "limpeza étnica" à brasileira ganha mais um grito de protesto, mas corre o risco de se tornar exatamente isso: mais um. A massificação da violência, seu televisionamento em ritmo de videoclipe, sua história contada em prosa por rappers (e há cada vez mais rappers no Brasil) provoca inevitável anestesia para o que pretendem "alertar".
"Otários fardados chamados policiais", dizia a banda em 97. O que dizer em 99 e ainda causar impacto? Tortura, como em "Retrato de São Paulo", cuja imagem ideal é a da capa do álbum, um Cristo enforcado e crivado de balas.
O hip hop desbancou o rock, e a violência tomou o lugar da repressão política como "fonte de inspiração" da MPB.
É desconcertante. (MN)


Avaliação:    


Disco: Se Deus Vier, Que Venha Armado Banda: Pavilhão 9
Lançamento: Paradoxx
Quanto: R$ 18, em média


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