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Até os dentes
da Redação
É sufocante e insuportável. É pesado e violento. É coeso. É tão cruel
quanto as mortes cotidianas na periferia -mortes surdas para a
classe média, a mesma que consome rap nos EUA e no Brasil.
"Se Deus Vier, Que Venha Armado" é um tiro de bazuca nos policiais, mais assassino que as balas
deflagradas por eles. Pavilhão 9 está mais roqueiro, mais sujo e menos experimental do que em "Cadeia Nacional" -uma secura incômoda porque reflexiva.
A "limpeza étnica" à brasileira
ganha mais um grito de protesto,
mas corre o risco de se tornar exatamente isso: mais um. A massificação da violência, seu televisionamento em ritmo de videoclipe, sua
história contada em prosa por rappers (e há cada vez mais rappers no
Brasil) provoca inevitável anestesia para o que pretendem "alertar".
"Otários fardados chamados policiais", dizia a banda em 97. O que
dizer em 99 e ainda causar impacto? Tortura, como em "Retrato de
São Paulo", cuja imagem ideal é a
da capa do álbum, um Cristo enforcado e crivado de balas.
O hip hop desbancou o rock, e a
violência tomou o lugar da repressão política como "fonte de inspiração" da MPB.
É desconcertante.
(MN)
Avaliação: ![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Disco: Se Deus Vier, Que Venha Armado
Banda: Pavilhão 9
Lançamento: Paradoxx
Quanto: R$ 18, em média
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