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ARTES CÊNICAS
Devido à greve dos técnicos e artistas, diretor de festival francês anuncia suspensão da edição deste ano
Pela primeira vez, Avignon é cancelado
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A AVIGNON
Não começou, e acabou. A 57ª
edição do Festival de Avignon foi
cancelada ontem. É a primeira vez
que isso acontece na história do
mais respeitado evento das artes
cênicas do planeta, no sul da
França, criado em 1947.
O festival seria aberto na terça-feira passada e iria até 28/7, mas a
programação dos três primeiros
dias foi suspensa devido à greve
dos técnicos e artistas. "Tudo poderia ter sido resolvido de outra
forma, conciliando os espetáculos
e os debates sobre a situação, mas
fomos vencidos pelos fatos", disse
à Folha a diretora francesa Ariane
Mnouchkine. "O cancelamento
foi uma catástrofe, um exemplo
de imaturidade política dos sindicatos", afirmou o dramaturgo
francês Valère Novarina.
No pátio de um claustro medieval, o diretor do evento, Bernard
Faivre d'Arcier, fez um pronunciamento melancólico. Artistas,
grevistas, jornalistas e espectadores, que estavam ali para o reembolso dos ingressos, ouviram o
óbvio: não há festival sem espetáculos. "Sofremos pressões de todos os lados e é com lástima que
devolvemos o dinheiro de 64 mil
espectadores", afirmou d'Arcier.
Na França, os técnicos e artistas
são conhecidos como "intermittents" (temporários). A categoria,
estimada em 96 mil profissionais,
está em greve desde o dia 26/6, em
protesto contra mudanças no regime de contratação, que vigora
desde 1969. O sindicato patronal
assinou acordo com três sindicatos minoritários dos trabalhadores. A alteração mais polêmica é
quanto ao período de cumprimento da carga mínima de 507
horas, que seria reduzida de um
ano para 10 meses.
O Festival de Avignon é orçado
em 8,5 milhões, 58% subvencionado pela iniciativa pública. A
economia de Avignon tem no
evento sua principal fonte de renda para o restante do ano.
Estavam programadas 33 atrações na mostra In, a oficial. Na
Off, são 565 companhias, francesas ou vindas de 13 países, que
bancam a si mesmas. Ontem à
tarde, não havia sido definida a
programação das peças do Off. A
greve também motivou cancelamento de eventos como o Festival
de Arte Lírica e um concerto da
Orchestre National de Jazz.
O jornalista Valmir Santos viajou a convite dos festivais de Avignon e Printemps des Comédiens, da Associação
Francesa de Ação Artística (Afaa) e do
Consulado Geral da França em São Paulo
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