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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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ARTES CÊNICAS

Devido à greve dos técnicos e artistas, diretor de festival francês anuncia suspensão da edição deste ano

Pela primeira vez, Avignon é cancelado

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A AVIGNON

Não começou, e acabou. A 57ª edição do Festival de Avignon foi cancelada ontem. É a primeira vez que isso acontece na história do mais respeitado evento das artes cênicas do planeta, no sul da França, criado em 1947.
O festival seria aberto na terça-feira passada e iria até 28/7, mas a programação dos três primeiros dias foi suspensa devido à greve dos técnicos e artistas. "Tudo poderia ter sido resolvido de outra forma, conciliando os espetáculos e os debates sobre a situação, mas fomos vencidos pelos fatos", disse à Folha a diretora francesa Ariane Mnouchkine. "O cancelamento foi uma catástrofe, um exemplo de imaturidade política dos sindicatos", afirmou o dramaturgo francês Valère Novarina.
No pátio de um claustro medieval, o diretor do evento, Bernard Faivre d'Arcier, fez um pronunciamento melancólico. Artistas, grevistas, jornalistas e espectadores, que estavam ali para o reembolso dos ingressos, ouviram o óbvio: não há festival sem espetáculos. "Sofremos pressões de todos os lados e é com lástima que devolvemos o dinheiro de 64 mil espectadores", afirmou d'Arcier.
Na França, os técnicos e artistas são conhecidos como "intermittents" (temporários). A categoria, estimada em 96 mil profissionais, está em greve desde o dia 26/6, em protesto contra mudanças no regime de contratação, que vigora desde 1969. O sindicato patronal assinou acordo com três sindicatos minoritários dos trabalhadores. A alteração mais polêmica é quanto ao período de cumprimento da carga mínima de 507 horas, que seria reduzida de um ano para 10 meses.
O Festival de Avignon é orçado em 8,5 milhões, 58% subvencionado pela iniciativa pública. A economia de Avignon tem no evento sua principal fonte de renda para o restante do ano.
Estavam programadas 33 atrações na mostra In, a oficial. Na Off, são 565 companhias, francesas ou vindas de 13 países, que bancam a si mesmas. Ontem à tarde, não havia sido definida a programação das peças do Off. A greve também motivou cancelamento de eventos como o Festival de Arte Lírica e um concerto da Orchestre National de Jazz.


O jornalista Valmir Santos viajou a convite dos festivais de Avignon e Printemps des Comédiens, da Associação Francesa de Ação Artística (Afaa) e do Consulado Geral da França em São Paulo


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