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MÚSICA
The Cure executa maratona gótica
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Estados de humor alterados fizeram a fama de Robert Smith, 44,
da banda inglesa The Cure, nos
anos 80. Nos dias de alegria, compôs algumas das mais felizes e tolas canções pop ("Lovecats", "Friday I'm in Love"); mergulhado na
depressão, cantou sobre variações
de um mesmo tema -morte. O
mais surpreendente é que, durante 26 anos de carreira, mesmo
suas canções mais lúgubres chegaram aos topos das paradas.
A DirecTV exibe "Trilogy"
-também lançado em DVD-,
show do grupo realizado em Berlim em 2002, que embarca nessa
estética gótica e reúne o repertório de três discos com temáticas
complementares: "Pornography"
(Pornografia), "Disintegration"
(Desintegração) e "Bloodflowers"
(Flores de sangue).
Para aguentar as quase três horas de show, não basta ser mero fã
da banda e conhecer hits alegres
que ainda hoje tocam nas rádios
-e passam longe desse especial.
É preciso acreditar em versos como "Não importa se todos nós
morrermos jovens", que alguns
fãs espremidos na primeira fila da
platéia cantam, como pode ser
visto durante a música que abre o
show, "100 Years", do álbum
"Pornography".
Lançado em 1982, esse disco foi
resultado de uma fase pesadíssima para o grupo. Drogas eram o
prato da banda -que quase acabou no período-, enquanto
Smith ficava obcecado com a
idéia de envelhecimento.
Hoje, a estética fatalista-romântica soa presa a um período bem
específico -anos 80-, quando
letristas de bandas de rock não se
acanhavam em fingir que viviam
nos tempos do poeta inglês Lord
Byron (1788-1824). O som do Cure "dark" é datado, arrasta-se burocraticamente.
Basta verificar essa versão, reduzida, que irá ao ar na DirecTV.
Na edição, entra apenas a já citada
"100 Years" de "Pornography", o
disco mais "difícil" da trilogia; as
mais "alegres" de "Disintegration" -como "Lovesong" e "Pictures of You"- e algumas do disco mais recente, o anticlimático
"Bloodflowers". Tentativa de dar
mais agilidade ao show?
No bis, após essa maratona de
fazer góticos perderem o fôlego,
Smith cavuca até no desacreditado álbum "Kiss me Kiss me Kiss
me" (1987), que não faz parte da
trilogia. Desse disco, que é um dos
mais comerciais e "iluminados", a
banda executa duas estranhas no
ninho: as longas e experimentais
"If Only Tonight We Could Sleep"
e "The Kiss". Ainda há cura para o
The Cure?
TRILOGY. Show da banda The Cure.
Quando: hoje, amanhã, dom., qui. e sex.
(18/7) no canal 603 da DirecTV, durante o
dia inteiro. Em DVD (duplo): ST2 Vídeo,
R$ 72, em média.
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