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CRÍTICA
Filme é feito na medida para esses seres mutantes, os adolescentes
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
"X -Men - O Filme" chega
hoje ao Brasil para arregimentar às 300 salas de exibição
duas facções de cinéfilos distintas.
A dos devoradores de HQs e a dos
que estão atrás do mais badalado
blockbuster do verão americano.
De um lado das poltronas ficarão os que vão passar a sessão inteira disputando quem vê a maior
quantidade de referências (escondidas) ao gibi da Marvel Comics.
Do outro, estarão aqueles para os
quais nomes como Stan Lee e
Wolverine dizem muito pouco, e
o que interessa mesmo é ver a ficção científica da hora (e meia).
Em tempos do genoma e da manipulação genética, vem a calhar
esta adaptação que evoca o perigo
do desrespeito às minorias. Bola
dentro, "X-Men" passa longe de
paralelos explícitos com os vigentes racismo, homofobia.
O filme atualiza a visão da formação de seres mutantes, desvio
científico que aterrorizou a era
atômica pós-Hiroshima e se instalou na cultura, da qual a criação
da Marvel é bom exemplo.
A história é sobre mutantes que
tiveram a (des)graça de receber
da genética um superpoder específico e são tratados como esquisitos. Vivem em guetos para fugir
do preconceito dos "normais", temerosos. Entre os mutantes, há
uma briga de líderes, um que luta
pela integração dos mutantes à
sociedade e outro que não acredita em convívio pacífico entre os
desiguais e prepara um verdadeiro exército para uma iminente
guerra com os humanos.
Outro ponto a favor de Bryan
Singer é a composição fiel do personagem principal do filme, Wolverine (Jackman). Como todo
bom herói contemporâneo, ele é
falível, cheio de dúvidas.
Na primeira hora do filme,
quando o quem são/o que fazem/de onde vieram é desenvolvido, "X-Men" é excelente. Depois, na hora do enfrentamento, o
filme despenca para o comum
dos filmes de férias, a explosão
sem limites de efeitos especiais.
Portanto, o "X-Men" das telas é
mesmo talhado para satisfazer
uma classe definidade de superpoderosos (o atual maior contingente de compradores de bilhetes
do cinema americano): os teens.
O dom mutante surge na adolescência, estirpe que se considera
discriminada pelos adultos e que
de certa forma cria seu mundo
underground, onde trama na
mesma medida a salvação e a destruição do planeta.
Mesmo com um pé enterrado
nos clichês de filmes de verão, "X-Men" dá a sensação daquele bom
gibi, que satisfaz o fã e já o deixa
na espera da continuação da saga.
X-Men - O Filme
X-Men
Direção: Bryan Singer
Produção: EUA, 2000
Com: Hugh Jackman, Patrick Stewart,
Ian McKellen, Anna Paquin
Quando: a partir de hoje nos cines
Butantã 2, Tamboré 1 e circuito
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