São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2000


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CRÍTICA
Filme é feito na medida para esses seres mutantes, os adolescentes

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

"X -Men - O Filme" chega hoje ao Brasil para arregimentar às 300 salas de exibição duas facções de cinéfilos distintas. A dos devoradores de HQs e a dos que estão atrás do mais badalado blockbuster do verão americano.
De um lado das poltronas ficarão os que vão passar a sessão inteira disputando quem vê a maior quantidade de referências (escondidas) ao gibi da Marvel Comics. Do outro, estarão aqueles para os quais nomes como Stan Lee e Wolverine dizem muito pouco, e o que interessa mesmo é ver a ficção científica da hora (e meia).
Em tempos do genoma e da manipulação genética, vem a calhar esta adaptação que evoca o perigo do desrespeito às minorias. Bola dentro, "X-Men" passa longe de paralelos explícitos com os vigentes racismo, homofobia.
O filme atualiza a visão da formação de seres mutantes, desvio científico que aterrorizou a era atômica pós-Hiroshima e se instalou na cultura, da qual a criação da Marvel é bom exemplo.
A história é sobre mutantes que tiveram a (des)graça de receber da genética um superpoder específico e são tratados como esquisitos. Vivem em guetos para fugir do preconceito dos "normais", temerosos. Entre os mutantes, há uma briga de líderes, um que luta pela integração dos mutantes à sociedade e outro que não acredita em convívio pacífico entre os desiguais e prepara um verdadeiro exército para uma iminente guerra com os humanos.
Outro ponto a favor de Bryan Singer é a composição fiel do personagem principal do filme, Wolverine (Jackman). Como todo bom herói contemporâneo, ele é falível, cheio de dúvidas.
Na primeira hora do filme, quando o quem são/o que fazem/de onde vieram é desenvolvido, "X-Men" é excelente. Depois, na hora do enfrentamento, o filme despenca para o comum dos filmes de férias, a explosão sem limites de efeitos especiais.
Portanto, o "X-Men" das telas é mesmo talhado para satisfazer uma classe definidade de superpoderosos (o atual maior contingente de compradores de bilhetes do cinema americano): os teens.
O dom mutante surge na adolescência, estirpe que se considera discriminada pelos adultos e que de certa forma cria seu mundo underground, onde trama na mesma medida a salvação e a destruição do planeta.
Mesmo com um pé enterrado nos clichês de filmes de verão, "X-Men" dá a sensação daquele bom gibi, que satisfaz o fã e já o deixa na espera da continuação da saga.


X-Men - O Filme
X-Men     Direção: Bryan Singer Produção: EUA, 2000 Com: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Ian McKellen, Anna Paquin Quando: a partir de hoje nos cines


Butantã 2, Tamboré 1 e circuito


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