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Livro mostra as paixões literárias de Ruy Castro
"O Leitor Apaixonado" reúne 43 artigos escritos ao longo de mais de 30 anos
Volume dedicado a personagens com quem o escritor "conviveu a vida inteira" foi organizado por sua mulher, Heloisa Seixas
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Ruy Castro dedica a Ezequiel
de Souza Escobar e Odorico
Quintella, entre outros, o livro
"O Leitor Apaixonado", que
tem lançamento hoje, às 19h,
na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.
Os homenageados, se escapou a alguém, frequentam as
páginas de "Dom Casmurro",
de Machado de Assis, e "Asfalto
Selvagem", de Nelson Rodrigues. Eles e outros acompanham o escritor e colunista da
Folha a partir de seus cinco
anos de idade, quando, ele diz,
já sabia ler e escrever.
"Convivi com esses personagens a vida inteira, admirando,
sentindo compaixão, sempre
com algum envolvimento", diz
Ruy, 61, que atuou como jornalista nos maiores veículos do
país, como o extinto "Correio
da Manhã".
É dessa relação sentimental
com a literatura e a língua portuguesa que trata "O Leitor
Apaixonado". O volume inclui
43 artigos publicados ao longo
de mais de 30 anos em jornais e
revistas. A organização ficou a
cargo de Heloisa Seixas, mulher de Ruy, que já cuidou das
coletâneas dele sobre música e
cinema, e que prepara outra
"só de textos provocativos".
Não que falte provocação em
"O Leitor Apaixonado". A ironia aparece em textos como
aquele de 1996 em que, referindo-se às conversas do vento e
do sol com o protagonista de
"O Alquimista", de Paulo Coelho, Ruy conclui: "Pode ser
emocionante e pode ser muito
engraçado -você decide".
Ou no artigo de 1989 sobre
um estudo que relaciona alcoolismo e qualidade literária, no
qual argumenta que, se Pearl S.
Buck (1892-1973) não era bêbada, ganhou o Nobel porque
"os suecos é que deviam estar
de porre quando a elegeram".
Com quase 20 mil volumes
nas estantes de seu apartamento, no Leblon, o escritor conta
que nunca quis ter uma coluna
fixa em jornal sobre o tema justamente para não perder o prazer de ler. Na mesa de cabeceira, diz, estão sempre "três ou
quatro livros que não tenham
nada a ver com trabalho".
Chama a atenção a atualidade dos argumentos, em especial no capítulo dedicado à paixão do autor pelos dicionários.
Em texto de 1989, ele cita diferenças entre o português falado no Brasil e em Portugal. Só
em Portugal, ele destaca, um
"banheiro" (salva-vidas) poderia salvar alguém de "morrer ao
tomar banho" (afogado).
O LEITOR APAIXONADO -
PRAZERES À LUZ DO ABAJUR
Autor: Ruy Castro
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 49,50 (368 págs.)
Lançamento: hoje, às 19h, na Livraria
Cultura (av. Paulista, 2.073, Conjunto
Nacional, tel. 0/xx/11/3170-4033)
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