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Autor cria
biografia e
biografado
da Reportagem Local
William Boyd ganhou destaque no ano passado por um
golpe quase perfeito. A coisa
veio à tona aos poucos. Primeiro, o escritor lançou uma biografia do artista Nat Tate.
Publicado pela editora 21 Publishing, do roqueiro David
Bowie, um dos grandes colecionadores de arte hoje na Inglaterra, o livro "Nat Tate, an
American Artist" chegou a ganhar elogios públicos de escritores como Gore Vidal.
Em um longo artigo na revista inglesa "Modern Painters",
que também tem o camaleão
Bowie como acionista, Boyd
detalhou como conheceu a
obra de Tate.
Caminhando pela rua 57, em
Nova York, ele resolveu entrar
na galeria Alice Singer. Lá, em
meio a obras de artistas tarimbados, como Andy Warhol e
Cy Twombly, estava a tela
"Bridge nº 122", de Nat Tate.
Encantado com o trabalho,
que ele achou semelhante às
célebres pinturas expressionistas abstratas de Jackson Pollock, Boyd resolveu cavoucar a
trajetória de Tate, de quem nada tinha ouvido falar.
Na biografia que fez, explicou
que esse "gênio" desconhecido
da pintura ganhou a obscuridade por ter destruído todas as
suas obras antes de pular da
ponte de Staten Island (NY),
nos anos 60. Só restara aquela
pintura da exposição.
Tudo muito bem, tudo muito
bom, não fosse um jornalista
inglês chamado David Lister.
Ele esteve no lançamento do
livro e perguntou aos presentes
se alguém conhecia Nat Tate.
Para sua surpresa, boa parte
dos convivas disse que sim.
E todos eles mentiam. Pouco
depois, Lister conseguiu fazer
Boyd, o biógrafo, reconhecer
que inventara seu biografado.
Tate nunca existiu. O melhor
viria logo depois. A única pintura atribuída ao artista tinha
sido feita pelo próprio escritor.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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