São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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MUNDO DE BACO

Brancos italianos aparecem renovados

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

A onda de renovação de cantinas e vinhedos que atingiu a Itália nas últimas décadas, na crista da qual os goles rubros do país deram um grande salto em qualidade, parece também estar dando resultado no departamento dos brancos.
Em meio ao mar de insípidos Orviettos e Frascati de outrora, começam a aparecer alguns brancos interessantes, especialmente aqueles elaborados com uvas nativas italianas e que trazem ao copo perfumes e sabores peculiares, diferentes dos do habitual chardonnay-sauvignon blanc.
Um deles é o Marina Cvetic 98, um Trebbiano d'Abruzzo (cepa chamada também Bombino Bianco) da vinícola Masciarelli, da região de Abruzzo, no centro do país. O Marina Cvetic, um vinho de bom corpo, foi elaborado com uvas oriundas de videiras de 40 anos de idade, passou um ano em barris de carvalho, onde adquiriu o aroma intenso de café e torrefação que flutua sobre um fundo de geléia de pêssego e toque de frutas cítricas.
Um pouco mais ao sul, na Campânia, na costa do mar Tirreno, a Villa Matilde (que conta também com belos tintos) modela o Vigna Caracci com uvas falanghina, uma antiga variedade proveniente de um pequeno vinhedo de três hectares que se estende nas encostas do Roccamonfina, um extinto vulcão. Fruta (manga, pêssego) predomina no aroma da edição 2000 do Caracci, que tem paladar denso, com boa acidez e os mesmos componentes frutados adicionados de um leve toque cítrico que perdura num final agradável.
No norte, Zenato, uma firma do Veneto, elabora na vizinha Lombardia, no canto sul do lago de Garda, um belo branco de uvas trebbiano, o Lugana.
A versão 99 impressiona pelo uso do carvalho, que complementa -sem ofuscar- o resto dos componentes (frutas em calda, geléias), formando um paladar equilibrado, com acidez no ponto e sabor longo.
Outra adega do Veneto, a Gini (vale a pena conferir um vinho de sobremesa deles, o Renobilis), é responsável por um dos melhores brancos de mesa da região: o Salvarenza Vecchie Vigne 97.
Ele tem aroma potente, que parece querer pular da taça, e mistura fruta muito madura (manga, carambola), calda de açúcar e mel. A fruta e o mel continuam na boca com um leve toque de folhas secas e nozes formando um belo paladar, complexo e persistente.


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