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MUNDO DE BACO
Brancos italianos aparecem renovados
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
A onda de renovação de cantinas e vinhedos que atingiu
a Itália nas últimas décadas, na
crista da qual os goles rubros do
país deram um grande salto em
qualidade, parece também estar
dando resultado no departamento dos brancos.
Em meio ao mar de insípidos
Orviettos e Frascati de outrora,
começam a aparecer alguns brancos interessantes, especialmente
aqueles elaborados com uvas nativas italianas e que trazem ao copo perfumes e sabores peculiares,
diferentes dos do habitual chardonnay-sauvignon blanc.
Um deles é o Marina Cvetic 98,
um Trebbiano d'Abruzzo (cepa
chamada também Bombino
Bianco) da vinícola Masciarelli,
da região de Abruzzo, no centro
do país. O Marina Cvetic, um vinho de bom corpo, foi elaborado
com uvas oriundas de videiras de
40 anos de idade, passou um ano
em barris de carvalho, onde adquiriu o aroma intenso de café e
torrefação que flutua sobre um
fundo de geléia de pêssego e toque
de frutas cítricas.
Um pouco mais ao sul, na Campânia, na costa do mar Tirreno, a
Villa Matilde (que conta também
com belos tintos) modela o Vigna
Caracci com uvas falanghina,
uma antiga variedade proveniente de um pequeno vinhedo de três
hectares que se estende nas encostas do Roccamonfina, um extinto
vulcão. Fruta (manga, pêssego)
predomina no aroma da edição
2000 do Caracci, que tem paladar
denso, com boa acidez e os mesmos componentes frutados adicionados de um leve toque cítrico
que perdura num final agradável.
No norte, Zenato, uma firma do
Veneto, elabora na vizinha Lombardia, no canto sul do lago de
Garda, um belo branco de uvas
trebbiano, o Lugana.
A versão 99 impressiona pelo
uso do carvalho, que complementa -sem ofuscar- o resto dos
componentes (frutas em calda,
geléias), formando um paladar
equilibrado, com acidez no ponto
e sabor longo.
Outra adega do Veneto, a Gini
(vale a pena conferir um vinho de
sobremesa deles, o Renobilis), é
responsável por um dos melhores
brancos de mesa da região: o Salvarenza Vecchie Vigne 97.
Ele tem aroma potente, que parece querer pular da taça, e mistura fruta muito madura (manga,
carambola), calda de açúcar e
mel. A fruta e o mel continuam na
boca com um leve toque de folhas
secas e nozes formando um belo
paladar, complexo e persistente.
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