INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Dizem que "O Terminal", filme de Steven Spielberg atualmente em cartaz nos cinemas, é uma espécie de "E.T. - O Extraterrestre" (Telecine Emotion, 21h).
Pode ser. O E.T. original é um estranho simpático que chega à Terra e é recebido com hostilidade pelos humanos. O homem sem pátria de "O Terminal" não está longe disso.
Mas "O Terminal" parece mais obra de um liberal lamentando o mundo enclausurado de hoje (de Bush, mais especificamente), enquanto "E.T." é mais obra de um sujeito que sofre de certas carências.
Existe algo de profundamente cinematográfico nessa ficção científica infantil, que é o poder total dado à fantasia, num momento em que o cinema, por qualquer motivo, hesitava em assumir esse aspecto necessário do cinema.

Ninguém Segura Este Bebê
Globo, 15h30.

(Baby's Day Out). EUA, 1994, 98 min. Direção: Patrick Read Johnson. Com Lara Flynn Boyle, Joe Mantegna, Joe Pantoliano. Filme com roteiro de John Hughes, autor de sucessos infanto-juvenis como "Esqueceram de Mim". Três bandidos entram na casa de milionário, disfarçados de fotógrafos de jornal, e seqüestram o filho de nove meses. Esta é a parte fácil da coisa. Mais difícil será agüentar as estripulias do garoto.

Dungeons & Dragons - A Aventura Começa Agora
Globo, 22h.

(Dungeons & Dragons). EUA, 2000, 107 min. Direção: Courtney Solomon. Com Just Whalin, Marlon Wayans. Adaptação para o cinema de famoso jogo do tipo RPG (Role Playing Game) de mesmo nome. Em mundo imaginário, princesa sobe ao poder, tenta fazer leis que protejam os plebeus e tem de enfrentar o poder dos magos. Os magos darão um trabalho danado. Inédito.

Intercine
Globo, 2h05.

Para começar a semana dessa programação, o favorito dos votantes foi "Sugartime - Poder e Fama" (1995, de John N. Smith, com John Turturro, Mary-Louise Parker). Durante o resto da semana, para votar no primeiro filme, liga-se 0800.70.9011; o número para votar no segundo filme é 0800.70.9012 (o que vale em todas as sessões, de segunda a sexta).

Na Batida do Amor
SBT, 2h40.

(Shake, Rattle and Rock!). EUA, 1994, 83 min. Direção: Allan Arkush. Com Renée Zellweger, Howie Mandel, Patricia Childress, Max Perlich. Nos anos 60, garota branca tem de enfrentar não poucos preconceitos para se unir a uma banda formada por garotas negras. Filme para TV a cabo levado pelo talentoso e irreverente Arkush. A ver, sem dúvida. Só para São Paulo.

A Vênus de Bagdá
Globo, 4h05.

(The Siren of Bagdad). EUA, 1953, 77 min. Direção: Richard Quine. Com Paul Henreid, Patricia Medina, Charles Lung. Na antiga Bagdá, sultão (Lung) seqüestra dançarinas para fins de posterior revenda. Um mago usa seus poderes para libertá-las. Aventura oriental, gênero que se julgava extinto até que Bush o trouxesse de volta à ordem do dia. Não é impossível que "A Vênus" tenha influenciado suas decisões bélicas. Só por isso a ver.

Rebeldes da Academia
SBT, 4h10.

(Up the Academy). EUA, 1980, 87 min. Direção: Robert Downey. Com Wendell Brown, Tom Cietera, Ralph Macchio. Comédia com o "karatê kid" Macchio, na qual adolescente rebelde se junta a outros adolescentes rebeldes de colégio linha-dura. Quem segura um bando de adolescentes rebeldes de comédia? Só para São Paulo. (IA)

TV PAGA/MÚSICA

Especial conta a gênese do rock irlandês

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Acompanhar o nascimento do cenário roqueiro em um país ocidental que não seja os EUA ou Inglaterra segue, na maioria das vezes, um roteiro preestabelecido em que mudam os atores.
Por isso o documentário "Out of Ireland - From a Whisper to a Scream: The Hit Songs & Artists of Irish Music" (2000), além de registrar de forma didática o rock na Irlanda, flagra dois momentos decisivos na cultura pop mundial e como eles repercutiram em diferentes partes do mundo. Grosso modo, Beatles e o punk foram os detonadores de revoluções.
Mas, na Irlanda dos anos 50, as bandas locais ainda eram meros grupos cover do rock americano e inglês. Artistas locais como Van Morrison, Bob Geldof e Bono, entre outros, contam essa história.
A repercussão em escala mundial dos Beatles também vai atingir a região e estimular a criação de bandas com músicas próprias. É o caminho para o surgimento de nomes como Them e Taste.
Já nos 70, Van Morrison, Rory Gallagher e Thin Lizzy conseguem extrapolar as fronteiras. No entanto, a Irlanda ainda sofria de certo isolamento cultural.
É o cenário político que ajudaria a detonar a explosão do punk rock. Ainda nesse período, os conflitos entre protestantes e católicos tornam-se críticos na região. Em 1972, tropas britânicas abrem fogo contra uma manifestação. É o Domingo Sangrento.
Nesse clima pesado, o grupo de Geldof, Boomtown Rats, surge na linha de frente dessa nova fase de movimentação musical que coloca a Irlanda no mapa mundial da música. O caminho estava, enfim, aberto para o surgimento do U2.
Desta vez, a indústria musical olha seriamente para a Irlanda, o que incentiva o surgimento de mais e mais artistas. O resultado? Lembre-se de nomes como Sinéad O'Connor, Cranberries e The Corrs. Artistas que, na primeira oportunidade, não se acanham em declarar amor às raízes.