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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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Daniela Thomas cria instalações-cenários

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Cenário de Daniela Thomas


DA REPORTAGEM LOCAL

Faz 20 anos que a carioca Daniela Thomas, 44, habita o universo infinito da cenografia que ela mesma, tal artesã, é instada a reinventar a todo instante. A direção de arte da 2ª Mostra de Dramaturgia é outro exemplo de desafios.
Topou a experiência inédita de lidar com seis peças e diretores com os quais nunca trabalhou, sob a condição de que os cenários fossem "três instalações "ocupadas" pelos espetáculos (dois a dois), como num casamento arranjado dos islâmicos, ou melhor, como num espetáculo de meus ídolos dos anos 70/80, Merce Cunningham e John Cage".
Thomas conta que o coreógrafo (84 anos) e o compositor (1912-92), ambos americanos, tinham "um pacto fascinante" em suas colaborações: um não sabia o que o outro estava fazendo até a noite da estréia. "Nessa noite, a música e a dança se encontravam pela primeira vez na frente do público maravilhado. A casualidade, as vicissitudes do inesperado eram o terceiro vértice dessa parceria criativa. Outros tempos, é claro", diz a cenógrafa que estudou cinema em Londres (co-dirigiu "Terra Estrangeira" e "O Primeiro Dia" com Walter Salles) e tomou gosto pela cena experimental no teatro La Mama, de Nova York, no início dos anos 80, para depois embalar parcerias com Gerald Thomas.
Ela e a arquiteta Marcia Moon criaram três instalações/cenários para a mostra. As encenações vão ocupar e transformar o espaço conforme suas necessidades. "As reações foram as mais diversas, é claro: de belicosas a encantadas, cobrindo todo o espectro. Mas, ao fim de algumas reuniões, nos acertamos e concordamos todos em considerar a cenografia da mostra como um projeto conceitual único que se organizaria dentro desse espírito nostálgico de experimentação com a forma, o espaço, enfim, com a geografia da imaginação."
Assim, os espetáculos "Então, Felicidades!" e "Mal Necessário" ocupam a instalação "Máquina/ Teatro"; "Braseiro" e "Coiteiros" ficam na "Matérica"; por fim, "El Muro de Berlim Nunca Existió" e "Alta Noite", que abrem a mostra hoje, ocupam a "Techno-Pobre".
Nessa instalação para as peças consideradas "mais urbanas" da mostra, Thomas e Moon conceberam um espaço cênico com "a tralha da indústria da construção, uma das mais globalizadas e sistematizadas do mundo, que aqui comercializa o refugo do refugo dos países do Norte".
(VALMIR SANTOS)


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