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DANÇA
Especial revolve projeto social de Forsythe
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
"A dança é uma forma de ser",
diz William Forsythe (1949) no
documentário "Brasil Recebe
Forsythe". O vídeo registra uma
parceria com a cia. DeAnima de
Dança Contemporânea, do Rio,
dirigida por Richard Cragun e
Roberto de Oliveira: o coreógrafo
americano trabalhou durante
uma semana com os bailarinos e
também com jovens da periferia,
participantes do projeto social da
companhia.
Com roteiro e direção de Helder
da Costa e Márcia Paraíso, o documentário tem início com uma
homenagem de Forsythe a Cragun e a Marcia Haydée, seus parceiros no Ballet Stuttgart na década de 70.
Nos blocos seguintes, cenas de
dança vão tomando conta da tela,
com destaque para o "street dance". Na visão de Forsythe, é uma
dança inspiradora, porque vem
da necessidade clara na vida dessas pessoas.
A entrevista longa, entremeada
com cenas das aulas, aponta os
caminhos do trabalho de Forsythe no Rio: "Eu tinha somente a
minha dança para mostrar [e eles
respondiam com dança também]. Mostrei um sentido no que
faziam. Eles podem não ser bailarinos profissionais, [...] mas sabem qual é a alma da dança. [...] O
que fiz foi criar um atalho para
eles direcionarem as intenções; ou
seja, como funcionam as linhas e
a geometria".
Há também vários outros depoimentos, dos próprios bailarinos, da coreógrafa Carmem Luz,
que trabalha com o projeto social,
de Oliveira e de Cragun.
O documentário é uma preciosidade, acima de tudo, claro, pelo
conversa com Forsythe. A generosidade que ele encontra no grupo e que procura então devolver
torna o projeto expressivamente
humano: "Quero protegê-los para
que possam tomar conta de si
mesmos. É preciso que tenham
independência e força para sobreviver. O acesso à informação já
lhes mostra o tipo de futuro que
poderão ter".
Pequenos detalhes escapam na
edição -como, por exemplo, nas
legendas: o nome de um balé pode aparecer em francês numa cena e noutra em inglês, dando a
impressão de serem duas coreografias diferentes. Faltam, também, informações sobre o projeto
social desses meninos. Mas são
detalhes, num documentário rico
de movimento e de sentido.
Como um grande escultor que
descobre, em cada matéria, suas
possibilidades, Forsythe revela,
como ninguém, a dança singular
dos bailarinos cariocas.
BRASIL RECEBE FORSYTHE. Quando:
hoje (15h), dias 12 (9h30) e 13 (2h), na
Rede SescSenac.
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