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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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DANÇA

Especial revolve projeto social de Forsythe

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

"A dança é uma forma de ser", diz William Forsythe (1949) no documentário "Brasil Recebe Forsythe". O vídeo registra uma parceria com a cia. DeAnima de Dança Contemporânea, do Rio, dirigida por Richard Cragun e Roberto de Oliveira: o coreógrafo americano trabalhou durante uma semana com os bailarinos e também com jovens da periferia, participantes do projeto social da companhia.
Com roteiro e direção de Helder da Costa e Márcia Paraíso, o documentário tem início com uma homenagem de Forsythe a Cragun e a Marcia Haydée, seus parceiros no Ballet Stuttgart na década de 70.
Nos blocos seguintes, cenas de dança vão tomando conta da tela, com destaque para o "street dance". Na visão de Forsythe, é uma dança inspiradora, porque vem da necessidade clara na vida dessas pessoas.
A entrevista longa, entremeada com cenas das aulas, aponta os caminhos do trabalho de Forsythe no Rio: "Eu tinha somente a minha dança para mostrar [e eles respondiam com dança também]. Mostrei um sentido no que faziam. Eles podem não ser bailarinos profissionais, [...] mas sabem qual é a alma da dança. [...] O que fiz foi criar um atalho para eles direcionarem as intenções; ou seja, como funcionam as linhas e a geometria".
Há também vários outros depoimentos, dos próprios bailarinos, da coreógrafa Carmem Luz, que trabalha com o projeto social, de Oliveira e de Cragun.
O documentário é uma preciosidade, acima de tudo, claro, pelo conversa com Forsythe. A generosidade que ele encontra no grupo e que procura então devolver torna o projeto expressivamente humano: "Quero protegê-los para que possam tomar conta de si mesmos. É preciso que tenham independência e força para sobreviver. O acesso à informação já lhes mostra o tipo de futuro que poderão ter".
Pequenos detalhes escapam na edição -como, por exemplo, nas legendas: o nome de um balé pode aparecer em francês numa cena e noutra em inglês, dando a impressão de serem duas coreografias diferentes. Faltam, também, informações sobre o projeto social desses meninos. Mas são detalhes, num documentário rico de movimento e de sentido.
Como um grande escultor que descobre, em cada matéria, suas possibilidades, Forsythe revela, como ninguém, a dança singular dos bailarinos cariocas.


BRASIL RECEBE FORSYTHE. Quando: hoje (15h), dias 12 (9h30) e 13 (2h), na Rede SescSenac.


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