São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2004

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CDs de Doris reprisam alternativa subterrânea

DA REPORTAGEM LOCAL

No modo 2, o Brasil tem a honra de receber o relançamento tardio de 12 dos mais preciosos álbuns da veterana Doris Monteiro, que antecipou no início da década de 50 o advento da bossa nova, com uma voz suave e mansa que poucas & poucos ousavam emitir, mas se viu atrapalhada & suplantada pela sucessão de modas musicais que tornaram mais complexo o Brasil pós-anos 60.
O pacote, de reedições caprichadas & belos textos explicativos de Rodrigo Faour, se divide em dois. Três discos da primeira metade dos 60 flagram uma Doris pós-bossa, mas mais afeita aos humores populares e ao samba-jazz (ou, na versão menos sofisticada, "sambalanço") que ao virtuosismo de João Gilberto. É terreno que cedo seria monopolizado por uma ascendente Elis Regina, até hoje sua "inimiga" predileta.
Os outros nove partem do pressentimento da chegada do tropicalismo, em "Simplesmente" (66), e encontram auge num movimento subterrâneo de resistência à hegemonia tropicalista, confuso, indeciso & extraordinário.
Tal fase abrange letras antitropicalistas (como "Mudando de Conversa", de 69, e "Festa na Paróquia", de 70), muito samba-soul (Doris era negra, sendo branca & sendo loira) e tentativas ingênuas de se integrar ao desbunde dos anos 70 (cantando João Donato e Gilberto Gil de 73 em diante). Esse último caminho já era monopolizado, entretanto, pela musa alternativa Gal Costa. Ao modo 3. (PAS)


DORIS MONTEIRO. Coleção com três CDs da Universal (preço sugerido de R$ 25,90 cada um) e nove da EMI (R$ 17).


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