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CDs de Doris reprisam alternativa subterrânea
DA REPORTAGEM LOCAL
No modo 2, o Brasil tem a honra de receber o relançamento tardio de 12 dos mais preciosos álbuns da veterana Doris Monteiro,
que antecipou no início da década
de 50 o advento da bossa nova,
com uma voz suave e mansa que
poucas & poucos ousavam emitir, mas se viu atrapalhada & suplantada pela sucessão de modas
musicais que tornaram mais
complexo o Brasil pós-anos 60.
O pacote, de reedições caprichadas & belos textos explicativos de
Rodrigo Faour, se divide em dois.
Três discos da primeira metade
dos 60 flagram uma Doris pós-bossa, mas mais afeita aos humores populares e ao samba-jazz
(ou, na versão menos sofisticada,
"sambalanço") que ao virtuosismo de João Gilberto. É terreno
que cedo seria monopolizado por
uma ascendente Elis Regina, até
hoje sua "inimiga" predileta.
Os outros nove partem do pressentimento da chegada do tropicalismo, em "Simplesmente"
(66), e encontram auge num movimento subterrâneo de resistência à hegemonia tropicalista, confuso, indeciso & extraordinário.
Tal fase abrange letras antitropicalistas (como "Mudando de
Conversa", de 69, e "Festa na Paróquia", de 70), muito samba-soul (Doris era negra, sendo branca & sendo loira) e tentativas ingênuas de se integrar ao desbunde
dos anos 70 (cantando João Donato e Gilberto Gil de 73 em diante). Esse último caminho já era
monopolizado, entretanto, pela
musa alternativa Gal Costa. Ao
modo 3.
(PAS)
DORIS MONTEIRO. Coleção com três
CDs da Universal (preço sugerido de R$
25,90 cada um) e nove da EMI (R$ 17).
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