TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

O "Monumento às Bandeiras", escultura que sintetiza os símbolos paulistas de conquista e progresso, é também uma síntese da obra de seu criador, Victor Brecheret (1894-1955).
A exposição "A Mais Completa Tradução: "Monumento às Bandeiras", de Victor Brecheret", que será inaugurada hoje no MAM, revê o trabalho do escultor justamente sob a perspectiva do desenvolvimento dessa obra.
Trinta e três anos separam o esboço mais antigo, de 1920, da primeira inauguração, em 1953 -em 54, nos festejos dos 4o Centenário houve outra cerimônia.
Durante as três décadas em que trabalhou no projeto, Brecheret desenvolveu seu estilo. Se no início suas esculturas tinham características bastante figurativas, no decorrer dos anos, as formas foram simplificadas.
"Quando ele começou a bolar o projeto, tinha a cabeça no século 19, era um escultor neoclássico. Depois o conhecimento dele foi se transformando. Quando terminou, era influenciado pelo Henry Moore e pelo Brancusi", explica a curadora Angélica de Moraes.
"A obra tem a simbologia do mito dos bandeirantes, que representa a construção do país, e com certeza é um dos monumentos públicos mais lindos da cidade. É também uma derivação da Semana de Arte Moderna, outro ícone de São Paulo", justifica.
A reconstituição da história da obra costura as peças em exibição, 24 desenhos e 16 esculturas. Há também um obra de Laura Vinci e outra de Regina Silveira.
"Monudentro", de Silveira, projeta a imagem do monumento dentro de um octógono. Além da maquete dessa obra, o espaço de exposição tem oito paredes.
A escultura de Vinci, um seixo branco sobre um fino pó, dialoga com as últimas obras de Brecheret, inscrições feitas sobre pedras.
Entre as obras de Brecheret da mostra, Angélica destaca quatro esculturas: "Faulo", as duas versões de "O Beijo" e "Piroga".
Mas, após visitar a exposição, é impossível não pensar no monumento como a grande obra do artista. Aproveite para vê-la de perto, ela está a alguns metros dali.