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IMAGEM
O artista, um dos mais cultuados do Japão em sua área, apresenta cem cartazes inéditos no Brasil criados desde os anos 60
Tanaka leva 30 anos de design ao Masp
CAMILA VIEGAS
especial para a Folha
Um dos designers mais celebrados da atualidade, o japonês Ikko
Tanaka prepara sua primeira exposição no Brasil. A mostra apresentará cem pôsteres produzidos
desde os anos 60 e abre no dia 1º
de março no Museu de Arte de
São Paulo (Masp).
Tanaka confirmou presença na
abertura e numa palestra organizada pela ADG (Associação dos
Designers Gráficos) marcada para 2 de março. Depois de São Paulo, a mostra será montada no
MAM (Museu de Arte Moderna)
do Rio.
O designer esteve no Brasil em
1991 para fazer parte do júri que
escolheu o cartaz da 22ª Bienal de
São Paulo. "Fiquei impressionado com a abertura e o otimismo
dos brasileiros e gostei muito de
samba", disse ele.
Tanaka projeta seus cartazes
por subtração, preocupado com a
precisão e a economia dos elementos de uma composição.
Quando foi questionado sobre a
obra de Tadanori Yokoo, outro
desenhista importante no Japão,
confirmou seu processo criativo.
"Gosto do trabalho do sr. Yokoo.
É forte. Mas minha maneira de
trabalhar é oposta à dele. Ele expressa e inclui todos seus pensamentos na obra. Eu elimino elementos e tento simplificar."
Leia entrevista feita por fax, enviada do Japão.
Folha - Como será a exposição?
Ikko Tanaka - A mostra do
Masp reunirá meus melhores trabalhos realizados nos últimos 30
anos e privilegia a tipografia. Como os brasileiros não lêem caracteres Kanji estou um pouco receoso. Mas nós japoneses apreciamos os cartazes brasileiros
sem entender as letras.
Não sei se meus trabalhos serão
aceitos ou não até a exposição começar. O Brasil é um país grande.
Expressões pequenas não serão
captadas pelos brasileiros que estão acostumados a escalas tão
grandes. Elementos como flores,
pássaros, vento e lua (retirados
da pintura tradicional japonesa)
podem não ser reconhecidos nos
espaços abertos do território brasileiro.
Folha - O que um bom cartaz
deve ter?
Tanaka - O mais importante é a
idéia. Um pôster é feito de uma
folha de papel. Tudo deve ser dito
nessa folha de papel. Selecionar
os elementos necessários para o
cartaz não é fácil, mas ao mesmo
tempo é o que mais me interessa
no design de pôsteres. Essa limitação pode ser considerada ao
mesmo tempo uma vantagem interessante e desafiadora e uma
desvantagem.
Folha - Como o sr. pondera cor,
forma, composição e tipografia
para lidar com a dicotomia beleza
e comunicação?
Tanaka - Beleza e comunicação
são igualmente importantes. Tipografia e imagens devem ser
combinadas com harmonia e
equilíbrio.
Folha - O sr. concorda que um
pôster sintetiza não só uma mensagem mas também seu momento histórico?
Tanaka - Sim. Não importa
quão bom é o desenho, um trabalho não pode ser considerado
bom se não reflete a época em
que foi concebido. Gosto de olhar
para meus próprios trabalhos depois de um longo período.
Folha - O designer Lou Dorfsman escreveu que o sr. é referência de originalidade desde os
anos 60. Como o sr. manteve seu
trabalho na vanguarda?
Tanaka - Não me considero um
designer de vanguarda. Acho até
que meu trabalho é ortodoxo.
Mantenho minha obra atual porque considero estimulante o trabalho de todo o dia.
Folha - O sr. trabalha também
como diretor de arte e designer
de interiores. Como essas atividades estão relacionadas?
Tanaka - Apesar de ter projetado pavilhões para exposições,
não me considero um designer de
interiores. Desenho e sensibilidade para mim são a mesma coisa.
Design é fundamental para a sobrevivência.
Mostra: A Arte do Cartaz de Ikko Tanaka
Vernissage: 1º de março, 19h
Quando: ter a dom, 11h às 18h. Até 11 de
abril
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 011/
251-5644)
Quanto: R$ 8
Patrocínio: Banco BNL do Brasil
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