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POLÍTICA
Depois de fase experimental de três meses, programação do Arte & Cultura apresentará produções independentes
Canal a cabo do MinC vai ao ar em abril
Divulgação
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Marília Pêra, em cena de "Toda Nudez Será Castigada", montagem teatral que terá seu "making of" exibido pelo canal Arte & Cultura, do MinC, previsto para abril |
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Queiram ou não, as operadoras
nacionais de TV a cabo deverão
incluir em sua cartela de canais
um novo número, a partir de
abril. Arte & Cultura, o canal que
o Ministério da Cultura prepara
desde o ano passado, tem amparo
legal (está previsto na lei 8977) para ser distribuído obrigatoriamente pelas operadoras, como
canal básico de utilização gratuita,
sem ônus adicional aos assinantes
da TV paga. O secretário do Audiovisual, José Álvaro Moisés, responderá pela direção de programação do Arte & Cultura. Com
boa parte da grade concentrada
em produções do MinC e projetos
apoiados pela Lei Rouanet, o canal quer "ampliar o acesso da população aos produtos culturais" e
se configura como "uma decisão
de política cultural muito importante", na avaliação de Moisés.
Leia os principais trechos da entrevista do secretário à Folha.
Folha - Com que operadoras está
sendo negociada a transmissão do
canal Arte & Cultura?
José Álvaro Moisés - A decisão de
criar o canal a cabo do Ministério
da Cultura está ligada ao texto da
lei 8977, sancionada em 1995, que
normatiza e disciplina o funcionamento dos canais a cabo e cria
alguns públicos -legislativo, comunitários, universitários. Nessa
sequência de canais, há um denominado cultural e educativo, que
deve ser compartilhado pelas esferas federal, estadual e municipal. Por exigência da lei (artigo 23,
inciso i, letra f), as operadoras são
obrigadas a colocá-lo no ar. É um
princípio de equilíbrio entre a
presença das empresas privadas e
de canais públicos, que deveriam
ser capazes de oferecer uma programação alternativa ao telespectador. O objetivo é democrático.
No ano passado, comunicamos a
criação do canal à Anatel -Agência Nacional de Telecomunicações- e às operadoras.
Folha - O canal produzirá sua programação ou contratará produções
independentes?
Moisés - Nossa idéia é apoiar os
três primeiros meses de programação experimental em coisas
que estão prontas. Na sequência,
teremos também a contratação,
por meio de terceirização, de produções independentes.
Folha - O que consta na grade da
programação experimental?
Moisés - Em primeiro lugar, os
documentários culturais que o
MinC produziu nos últimos três
anos. São mais de 60, incluindo a
série "Cena Aberta", sobre artes
cênicas, e documentários sobre
artistas individuais, como João
Câmara, Francisco Brennand,
Amilcar de Castro. Exibiremos
também as séries realizadas pela
Funarte, pelo Iphan -Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- e pelo Museu do
Folclore. Em segundo lugar, há
uma enormidade de coisas feitas
por projetos que se beneficiaram
da Lei Rouanet e por institutos e
fundações culturais. O Itaú Cultural nos cedeu a série de vídeos sobre o panorama histórico e da cultura brasileira e de encontros com
artistas. Do Instituto Moreira Salles teremos o programa "O Escritor por Ele Mesmo".
Folha - A programação nacional
ocupará quanto da grade geral?
Moisés - Não há definição rígida.
A decisão do ministro Weffort é
instalar um canal de difusão cultural no sentido amplo. No caso
da cultura brasileira, isso se traduz numa preocupação muito
forte com a expressão da diversidade, que é, provavelmente, sua
singularidade mais importante.
Com o pressuposto de que falar
em difusão é falar na difusão da
diversidade, não podemos nos limitar à cultura brasileira.
Folha - Quem será o diretor de
programação do canal?
Moisés - Sou o responsável pela
programação. Trabalha comigo
uma equipe de especialistas do
MinC -Luciano Ramos, Clélia
Bessa, Mauro Garcia e Moacir de
Oliveira. Como free-lancers, temos a colaboração dos diretores
Gabriel Priolli e Isa Grinspum
Ferraz. Trabalhamos na avaliação
dos produtos para decidir se têm
o interesse cultural vinculado aos
objetivos centrais do canal e a
qualidade que queremos.
Folha - Quais serão os horários
das transmissões?
Moisés - Começaremos com
duas horas de segunda a sexta e
três aos sábados e domingos. Pedimos à Anatel que as horas semanais sejam das 21h às 23h. E
nos fins-de-semana, das 20h às
23h.
Folha - Onde será a sede do canal?
Moisés - O ministério não pretende ter um estúdio nem fazer
produção diretamente. Contratamos os serviços da TV Cultura para fazer a transmissão do sinal para o satélite. E temos uma sala na
TV Cultura para o tratamento técnico dos produtos.
Folha - O investimento de R$ 1,5
milhão anunciado pelo ministro
compreende que ações?
Moisés - Basicamente a transmissão física. O contrato com a
TV Cultura é de dois anos. Em
2001, estamos gastando nesses
serviços aproximadamente R$ 1,2
milhão. Há outra parte de recursos ligados a compra e preparação
do material que vai ser exibido.
Folha - Está confirmada a estréia
em abril?
Moisés - Estamos confirmando
nossa intenção de colocar o canal
no ar em abril. O dia exato vai ser
definido nas próximas semanas.
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