São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/ "Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos

Longa empaca no clichê da vida adulta

Paulo Halm, cineasta estreante, abusa de afetações ao narrar processo de amadurecimento de personagem de 30 anos

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nas sociedades tradicionais, a passagem para a vida adulta era marcada por rituais coletivos. Nas sociedades globalizadas, essa transição é solitária, mais demorada e muitas vezes sofrida. "Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos", estreia na direção do roteirista Paulo Halm (de "Guerra de Canudos" e "Pequeno Dicionário Amoroso"), fala dessa passagem com algum humor e vários clichês.
Zeca (Caio Blat) tem 30 anos, mas vive sem rumo. Tem talento para escrever, mas não trabalha. Seu projeto de romance está tão empacado quanto o autor, incapaz de imaginar um fim para a história. Ele passa o tempo se queixando, se fazendo de vítima. Zeca é casado com a professora Júlia (Maria Ribeiro), que é o oposto dele: sabe o que quer e luta por isso.
Quando Carol (Luz Cipriota) surge na vida do casal, a relação sofre um terremoto. Zeca não sabe lidar com a nova situação: não aprende com a vida, não amadurece. A promessa de transformação da cena final soa postiça, pois nada permite antever que dali surgirá um homem no lugar do adolescente.
O imutável personagem tem o papel de narrador, mas as observações que faz sobre sua miserável condição só servem para fazer rir. O flashback inicial é outra afetação desnecessária, assim como alguns maneirismos da câmera (nas cenas de sexo, filmadas de cima; na cena da festa) e o clichê do cool jazz para preencher os inúmeros momentos de vacuidade existencial do personagem. O bairro da Lapa é outro lugar comum, desta vez do hedonismo carioca.


HISTÓRIAS DE AMOR DURAM APENAS 90 MINUTOS

Diretor: Paulo Halm
Produção: Brasil/Argentina, 2010
Com: Caio Blat, Maria Ribeiro e Luz Cipriota
Onde: Espaço Unibanco Augusta, Frei Caneca Unibanco Arteplex e Villa-Lobos Cinemark
Classificação: 16 anos
Avaliação: regular




Texto Anterior: Para Leonardo DiCaprio, diretor molda a narrativa por meio dos atores
Próximo Texto: Crítica/ "Lembranças": Pouco inspirado, drama sobre jovens desajustados é bem fácil de esquecer
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.