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HISTÓRIA
Especial retrata os "soldados da borracha"
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a maioria dos brasileiros
vivos hoje, a Segunda Guerra
Mundial é lembrada como um
conflito cuja participação nacional se limitou quase tão somente à
declaração de Getúlio Vargas
contra o Eixo liderado pela Alemanha nazista. Mas vá dizer isso
aos cearenses que na época largaram a família e se mudaram para
a Amazônia com o objetivo de coletar borracha, respondendo ao
"chamado da pátria".
"Borracha para a Vitória" resgata uma dessas histórias "perdidas" da participação brasileira na
Segunda Guerra. Em uma hora, o
programa reconta como o governo de Getúlio Vargas recrutou os
chamados "soldados da borracha", com o objetivo de fornecer
látex extraído das seringueiras
amazônicas ao esforço de combate norte-americano, durante a
primeira metade dos anos 1940.
O documentário do diretor
Wolney Oliveira submerge o telespectador na história. Primeiro,
apresenta o contexto de recrutamento -os interesses americanos na Amazônia, a própria política interna de Vargas para ocupação dos "vazios geográficos" do
país e a carência internacional de
fornecedores de borracha.
Em seguida, e calcado principalmente em relatos de ex-seringueiros recrutados do Nordeste do
país (sobretudo cearenses), o programa reconta as dificuldades de
adaptação à vida na floresta. O risco de afundamento de navios por
submarinos alemães e os dramas
da malária são relatados por
quem os viveu.
O documentário é uma denúncia sobre o descaso por esses "soldados da borracha". Dos 53 mil
recrutados para ir à Amazônia, 20
mil não sobreviveram. E, salvo
uma pequena pensão concedida
em 1988, nenhum deles recebeu
tratamento especial. Recuperando uma parte quase esquecida da
história do Brasil, "Borracha para
a Vitória" é mais um ótimo lembrete de que a guerra não acontece só para quem vai até ela.
Borracha para a Vitória
Quando: hoje, às 6h; amanhã, às 13h30,
na rede SescSenac
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