São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2005

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HISTÓRIA

Especial retrata os "soldados da borracha"

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a maioria dos brasileiros vivos hoje, a Segunda Guerra Mundial é lembrada como um conflito cuja participação nacional se limitou quase tão somente à declaração de Getúlio Vargas contra o Eixo liderado pela Alemanha nazista. Mas vá dizer isso aos cearenses que na época largaram a família e se mudaram para a Amazônia com o objetivo de coletar borracha, respondendo ao "chamado da pátria".
"Borracha para a Vitória" resgata uma dessas histórias "perdidas" da participação brasileira na Segunda Guerra. Em uma hora, o programa reconta como o governo de Getúlio Vargas recrutou os chamados "soldados da borracha", com o objetivo de fornecer látex extraído das seringueiras amazônicas ao esforço de combate norte-americano, durante a primeira metade dos anos 1940.
O documentário do diretor Wolney Oliveira submerge o telespectador na história. Primeiro, apresenta o contexto de recrutamento -os interesses americanos na Amazônia, a própria política interna de Vargas para ocupação dos "vazios geográficos" do país e a carência internacional de fornecedores de borracha.
Em seguida, e calcado principalmente em relatos de ex-seringueiros recrutados do Nordeste do país (sobretudo cearenses), o programa reconta as dificuldades de adaptação à vida na floresta. O risco de afundamento de navios por submarinos alemães e os dramas da malária são relatados por quem os viveu.
O documentário é uma denúncia sobre o descaso por esses "soldados da borracha". Dos 53 mil recrutados para ir à Amazônia, 20 mil não sobreviveram. E, salvo uma pequena pensão concedida em 1988, nenhum deles recebeu tratamento especial. Recuperando uma parte quase esquecida da história do Brasil, "Borracha para a Vitória" é mais um ótimo lembrete de que a guerra não acontece só para quem vai até ela.


Borracha para a Vitória
Quando:
hoje, às 6h; amanhã, às 13h30, na rede SescSenac


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