São Paulo, Segunda-feira, 12 de Abril de 1999
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VÍDEO LANÇAMENTOS

"Blade" empolga por ser despretensioso

EDSON FRANCO
Editor de Veículos

Depois de tanta barca furada em que Wesley Snipes se meteu, dá medo de pegar um filme em que na capa o ator aparece vestido à la Darth Vader e que, na contracapa, um texto de apresentação anuncia: "Seu nome é Blade, um guerreiro que possui a força sobre-humana e os instintos demoníacos de um vampiro".
Mas, por incrível que pareça, "Blade - O Caçador de Vampiros" empolga por ser despretensioso e levar para as telas o entusiasmo original do personagem de quadrinhos criado em 1973 pela roteirista Mary Wolfman e pelo desenhista Gene Colan, ambos da Marvel.
Abusando dos ângulos obtusos, o diretor britânico Stephen Norrington deixa poucas pausas para respiração na trama. O resultado do ritmo frenético é um filme que não se encaixa perfeitamente nas prateleiras de horror, comédia ou aventura. Ele tem um pouco de tudo isso em doses certeiras.
Pelo lado do horror, Greg Cannom responde pelos sanguinolentos e explosivos efeitos especiais dispersos pela trama. A comicidade surge das diversas hipérboles mitológicas que saem das bocas dos vampiros. Por fim, a aventura decorre do incansável duelo entre o mal e o não tão mal assim.
Blade, o personagem do filme, nasceu em 1967, no exato momento em que sua mãe morria vítima de um ataque de vampiros. O bebê veio ao mundo com os caninos avantajados, mas, diferentemente de seus pares sugadores de sangue, Blade consegue passear à luz do dia e é imune a alho e crucifixos.
Em comum com os demais vampiros, Blade tem a paixão por molho pardo. Para tornar menos sedutoras as jugulares alheias, o vampiro do bem conta com o soro produzido pelo seu mentor, Abraham Whistler (Kris Kristofferson).
Como o, no caso, mocinho já tem dose suficiente de maldade, a tarefa do vilão fica ainda mais complicada. Na pele do vampiro Deacon Frost, o ator Stephen Dorff conseguiu ser pior que o mal. Para tanto, usou charme, sangue-frio e uma vilania que decorre de um poder sedutor e articulado de persuasão.
Interessado em ressuscitar uma entidade que transformaria toda a humanidade em vampiros, Frost precisa do sangue de alguém que tenha nascido com os mesmos atributos de Drácula. Começa então a assediar as belas mulheres que vão aparecendo na tela com o intuito de levar Blade a uma arapuca em forma de templo.
Enquanto a armadilha vai sendo montada, o filme vai prendendo a atenção com cenas bem coreografadas de luta, diálogos rápidos e marcantes e as batalhas internas da mente contra os instintos do corpo.
Como também assina a produção do filme, Snipes cuidou para que a questão racial não fosse totalmente deixada de lado. Subliminarmente, o filme passa a mensagem de que, se o mal triunfar no final, tudo bem, pois, para os vampiros, não importa a cor da pele da pessoa, mas sim as suas veias.
No frigir dos ovos, "Blade" é até agora a melhor transposição para o cinema do clima gótico das chamadas novelas gráficas -eufemismo para histórias em quadrinhos um pouco mais elaboradas. No interior da batcaverna, alguém deve estar morrendo de inveja.


Avaliação:





Filme: Blade - O Caçador de Vampiros
Título original: Blade
Produção: EUA, 1998, 120 min
Direção: Stephen Norrington
Com: Wesley Snipes, Stephen Dorff e Traci Lords




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