|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Reeditado com 53 minutos a mais que o original de 1979, filme de Coppola estréia em agosto nos Estados Unidos
Cannes vê a nova versão do "Apocalypse"
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
Quando começou a rodar
"Apocalypse Now" nas Filipinas
em 1976, o cineasta Francis Ford
Coppola, então com 36 anos, não
sabia que estava fazendo o filme
que iria mudar sua vida.
Vinha de concluir sua obra preferida até hoje, "A Conversação",
que lhe rendera a Palma de Ouro
em Cannes e servira para apagar a
imagem de "o diretor de "O Poderoso Chefão'", que ele detesta. Decidiu então adaptar o romance "O
Coração das Trevas", de Joseph
Conrad.
Convidou Martin Sheen para
ser o conturbado capitão Willard,
mandado pelo Exército durante a
Guerra do Vietnã numa missão
secreta, cujo objetivo é matar o
coronel Kurtz, desertor e supostamente enlouquecido. Marlon
Brando topou o segundo papel.
O que poderia dar errado?
Tudo. O filme demorou quase
quatro anos para ficar pronto. No
meio do caminho, o cineasta vendeu, perdeu ou empenhou tudo o
que tinha para colocar na produção, orçada em US$ 16 milhões.
Custou o dobro. Um furacão
destruiu parte dos cenários. Brando, que deveria ser um tipo atlético, engordava. Sheen teve um infarto, ficou internado por três meses e voltou a filmar, tudo escondido da imprensa, que apelidou o
filme de "Apocalypse When?".
Mas a obra ficou pronta, estreou
no Festival de Cannes em 1979,
ganhou a Palma de Ouro, rendeu
US$ 80 milhões só nos EUA, influenciou para sempre a maneira
com que os americanos vêem a
Guerra do Vietnã até hoje.
Todo mundo ficou feliz. Menos
Coppola. Vinte e um anos depois,
ao rever o filme na TV, o cineasta
não se reconheceu, lembrou que o
filme-base tinha 4 horas e meia e
seus negativos estavam num cofre
na Filadélfia.
Resolveu remontá-lo. Por seis
meses, desde março de 2000, auxiliado pelo diretor de fotografia
Vittorio Storaro e o editor Walter
Murch, reviu todo o material e
reeditou o filme a partir das tomadas originais. O resultado é "Apocalypse Now Redux", que o Festival de Cannes exibiu ontem como
título fora de competição. Tem
agora 3h16, ou 53 minutos a mais
do que o de 1979. Além disso, som
e imagem foram remasterizados.
Agora, o percurso rio acima do
barco de Willard e sua equipe ficou maior e mais complexo. Ganha uma parada num acampamento quase anárquico, em que o
surfista Lance e o cozinheiro Chef
transam com coelhinhas da
"Playboy" em troca de gasolina.
Mais tarde, a equipe vai encontrar um pequeno exército de franceses que defendem as terras de
sua família, no local desde antes
da Guerra da Indochina. No final,
já no domínio do coronel Kurtz,
Brando acaba interagindo mais
vezes com Sheen.
O filme estréia em agosto nos
EUA e chega ao Brasil até dezembro. Se alguma vez a frase "não
perca" teve sentido, é em relação a
"Apocalypse Now Redux".
Texto Anterior: Globo leva aparelho digital para o interior de São Paulo neste mês Próximo Texto: "Festival me salvou em 79", diz diretor Índice
|