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Drugstore promete disco em setembro
WAGNER ARAUJO
A banda Drugstore está cheia de novidades. Feliz, de disco novo (o segundo) em fase de finalização, nova
formação, alguns shows importantes
já marcados e, como a vocalista, baixista e letrista Isabel Monteiro revela com
exclusividade para a Folha, contratada
por uma nova e poderosa gravadora.
Será este o momento para ganhar e
ampliar fronteiras?
Folha - Não sendo uma banda tipicamente inglesa, é mais difícil de
'acontecer'?
Isabel Monteiro - É superdifícil
para qualquer artista tentar fazer
sucesso no seu próprio país. Mas
eu acho que é dez vezes mais difícil
fazer sucesso no exterior . Para o
tipo de música que a gente faz, indie, alternative, o mercado maior é
na Inglaterra. Nós últimos cinco
anos, que teve um rejuvenescimento da música britânica, eu tenho impressão que a cada dia tem
50 bandas novas, todas com talento. É difícil!
Folha - O que aconteceu com a
gravadora do Drugstore?
Isabel - A Go! Discs foi vendida
para a Polygram. Oficialmente
agora a Drugstore e parte da Polygram. Essa situação e interessante
porque nos assinamos com a Go!
Discs por eles serem independentes, por darem para a gente liberdade de criação etc. E agora nós estamos assinados com a Polygram,
que é uma supermultinacional.
Talvez seja uma coisa boa. Porque
hoje em dia não tem a mesma divisão de "independente" ou "corporate rock". O que a gente quer é
continuar fazendo nossa música,
com alguém investindo e pagando
o meu salário, o meu aluguel, eu
não estou nem aí quanto e de onde
o dinheiro vem.
Folha - Como está a formação do
grupo hoje?
Isabel - O guitarrista é o original, Darren, que é inglês, temos
um baterista novo, irlandês. E adicionamos um violoncelista, inglês.
A maioria das bandas, quando
pensa em entrar num som diferente, adicionam guitarra. Nós achamos que um celo seria interessante.
Folha - Vocês gravaram o novo
disco sob contrato com a Polygram?
Isabel - Felizmente nós conseguimos terminar o LP sob as asas
da Go! Discs, na Espanha, no
maior alto-astral.
Folha - Por que na Espanha?
Isabel - Por que não? Eu prefiro
gravar na Espanha, no sol, do que
em Londres, poluição, céu cinzento... Eu estava com uma vontade
incrível de fazer um LP mais vibrante, mais alegre do que o primeiro disco. Aquele foi completamente composto no meu quarto,
com astral totalmente introspectivo. Dois anos se passaram, minha
vida mudou muito, meu espírito e
astral estão muito mais positivos
do que eram.
Folha - O novo trabalho já tem
data de lançamento?
Isabel - Setembro. E se Deus
quiser vamos conseguir uma turnê
com a banda Radiohead. Eu fiz um
dueto muito bonito com o Thom
Yorke (vocalista do grupo inglês)
no LP. Se chama "El Presidente",
é sobre o Salvador Allende. Folha
- Quanto vendeu o primeiro disco?
Isabel - No mundo inteiro, 100
mil cópias, o que é ok. Não é um LP
muito comercial.
Folha - E o Brasil?
Isabel - A gente não tocou ainda no Brasil. É o meu maior sonho.
A gente ainda não recebeu aquele
convite para aquele festival que se
encaixe no nosso estilo. Por que o
meu sonho não é só tocar, mas alugar um jipão, levar a banda para
fazer o litoral São Paulo-Rio, que
eu tenho impressão que a moçada
não vai acreditar: porque eu larguei o Brasil para morar nessa cidade feia (Londres). O Brasil é um
país super bonito, e as pessoas...
Você entra num bar e o cara sorri,
há uma conexão direta...
Folha - Vão muitos brasileiros
aos seus shows? Você acha que há
um apelo nesse sentido?
Isabel - Tem uns brasileiros que
vem, mas eu tenho impressão que
a comunidade de brasileiros na Inglaterra nem sabe, a maioria nem
deve saber da existência da Drugstore. Porque a música alternativa
aqui é uma cena muito fechadinha.
Folha - E as raízes brasileiras? O
Sepultura se deu bem com
"Roots".
Isabel - Eu acho que o pessoal
no próximo elepê LP vai ver que a
raizinha da brasileira esta vindo a
superfície, com um pouquinho de
ritmo. Tem a música sobre o Salvador Allende. Nos usamos uma
banda de "mariachis" em outra música. Não é bem brasileiro, mas
qualquer coisa latina.
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