São Paulo, segunda, 12 de maio de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Drugstore promete disco em setembro

WAGNER ARAUJO
A banda Drugstore está cheia de novidades. Feliz, de disco novo (o segundo) em fase de finalização, nova

formação, alguns shows importantes já marcados e, como a vocalista, baixista e letrista Isabel Monteiro revela com exclusividade para a Folha, contratada por uma nova e poderosa gravadora. Será este o momento para ganhar e ampliar fronteiras?

Folha - Não sendo uma banda tipicamente inglesa, é mais difícil de 'acontecer'?
Isabel Monteiro
- É superdifícil para qualquer artista tentar fazer sucesso no seu próprio país. Mas eu acho que é dez vezes mais difícil fazer sucesso no exterior . Para o tipo de música que a gente faz, indie, alternative, o mercado maior é na Inglaterra. Nós últimos cinco anos, que teve um rejuvenescimento da música britânica, eu tenho impressão que a cada dia tem 50 bandas novas, todas com talento. É difícil!
Folha - O que aconteceu com a gravadora do Drugstore?
Isabel
- A Go! Discs foi vendida para a Polygram. Oficialmente agora a Drugstore e parte da Polygram. Essa situação e interessante porque nos assinamos com a Go! Discs por eles serem independentes, por darem para a gente liberdade de criação etc. E agora nós estamos assinados com a Polygram, que é uma supermultinacional. Talvez seja uma coisa boa. Porque hoje em dia não tem a mesma divisão de "independente" ou "corporate rock". O que a gente quer é continuar fazendo nossa música, com alguém investindo e pagando o meu salário, o meu aluguel, eu não estou nem aí quanto e de onde o dinheiro vem.
Folha - Como está a formação do grupo hoje?
Isabel
- O guitarrista é o original, Darren, que é inglês, temos um baterista novo, irlandês. E adicionamos um violoncelista, inglês. A maioria das bandas, quando pensa em entrar num som diferente, adicionam guitarra. Nós achamos que um celo seria interessante.
Folha - Vocês gravaram o novo disco sob contrato com a Polygram?
Isabel
- Felizmente nós conseguimos terminar o LP sob as asas da Go! Discs, na Espanha, no maior alto-astral.
Folha - Por que na Espanha?
Isabel
- Por que não? Eu prefiro gravar na Espanha, no sol, do que em Londres, poluição, céu cinzento... Eu estava com uma vontade incrível de fazer um LP mais vibrante, mais alegre do que o primeiro disco. Aquele foi completamente composto no meu quarto, com astral totalmente introspectivo. Dois anos se passaram, minha vida mudou muito, meu espírito e astral estão muito mais positivos do que eram.
Folha - O novo trabalho já tem data de lançamento?
Isabel
- Setembro. E se Deus quiser vamos conseguir uma turnê com a banda Radiohead. Eu fiz um dueto muito bonito com o Thom Yorke (vocalista do grupo inglês) no LP. Se chama "El Presidente", é sobre o Salvador Allende. Folha - Quanto vendeu o primeiro disco?
Isabel
- No mundo inteiro, 100 mil cópias, o que é ok. Não é um LP muito comercial.
Folha - E o Brasil?
Isabel
- A gente não tocou ainda no Brasil. É o meu maior sonho. A gente ainda não recebeu aquele convite para aquele festival que se encaixe no nosso estilo. Por que o meu sonho não é só tocar, mas alugar um jipão, levar a banda para fazer o litoral São Paulo-Rio, que eu tenho impressão que a moçada não vai acreditar: porque eu larguei o Brasil para morar nessa cidade feia (Londres). O Brasil é um país super bonito, e as pessoas... Você entra num bar e o cara sorri, há uma conexão direta...
Folha - Vão muitos brasileiros aos seus shows? Você acha que há um apelo nesse sentido?
Isabel
- Tem uns brasileiros que vem, mas eu tenho impressão que a comunidade de brasileiros na Inglaterra nem sabe, a maioria nem deve saber da existência da Drugstore. Porque a música alternativa aqui é uma cena muito fechadinha.
Folha - E as raízes brasileiras? O Sepultura se deu bem com "Roots".
Isabel
- Eu acho que o pessoal no próximo elepê LP vai ver que a raizinha da brasileira esta vindo a superfície, com um pouquinho de ritmo. Tem a música sobre o Salvador Allende. Nos usamos uma banda de "mariachis" em outra música. Não é bem brasileiro, mas qualquer coisa latina.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã