São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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TELEVISÃO

"Laços de Família" é o que se gosta

TELMO MARTINO
COLUNISTA DA FOLHA

D epois de um longo e cinzento inverno carcamano, nada mais acertado que o sol do Leblon, onde o "azur" monocromático de outra "côte" é ofuscado pelas cores que o Dufy convidado tão bem captou para a abertura da novela "Laços de Família".
E que abertura! Todos falando com a boca cheia dos saborosos diálogos do "chef" das palavras que é o Manoel Carlos. Novela que ele escreve deve espalhar uma gulodice única entre os atores.
Voltando ao começo mais convidativo dos últimos anos, a ofuscante Vera Fischer, pronta para um topless, dirige o carro e o celular para a Barra. Até atropelar o carro saído do importador que o galã Reynaldo Gianecchini comanda. Esqueça-se do carro. Toda atenção no Gianecchini. De onde terá surgido esse galã? Ele faz tudo certo. Vera Fischer vai ter de trabalhar. Qualquer deslize no fulgurante, a ofuscante pode passar a ofuscada. Durante a semana inteira, o suspense foi mantido. Ficou faltando o primeiro beijo e -quem sabe?- a metamorfose.
A privilegiada é a Marieta Severo. Ela vem de uma família admiradora das artes cênicas. Chama-se Alma Flora. Seu maior prestígio é ser tia do Edu (o alardeado Gianecchini). Quando o Edu vai nadar com desenvoltura olímpica na piscina, todas as garotas se escondem atrás das folhagens para espiar. Isso é que é ser galã. E tudo indica que a Vera vai desistir do topless.
A não ser quando for à praia com Tony Ramos. Traumatizado por um acidente que fez dele um viúvo e pai de um filho deficiente (Flávio Silvino), ele é uma vítima dos encantos da Fischer. "Nunca vi uma avó de biquíni." E a praia tão perto. Livros são um perigo. Enclausuram pessoas.
Mas ainda tem o José Mayer todo masculino de barba e montando cavalos com a perícia de um Tom Mix moderno. Por isso é consciente de que os cavalos gostam de masculinidade. Não quer uma veterinária mulher. Também não sabe que a mulher é Helena Ranaldi, aquela que foi aprender esporte aquático com o Paulo Zulu, e, pela primeira vez, ninguém olhou para ele. Será que veterinária deusa não vai abalar os princípios do masculino Mayer? Nem interessa. A expectativa é ver a reação dos cavalos.
"Laços de Família" é o que se gosta. Uma novela aconchegante e interessante. Todos cativam. Até Fernando Torres, que se aproxima da morte, sabe tirar humor da falta de urgência na tristeza divertida de um reencontro.
Fala-se que alguns farão uma viagem ao Japão. Se for vontade da Alma Flora gastar o dinheiro que tirou dos maridos, tudo bem. Mas, se for alguma ansiedade romântica do galã e de sua fulgurante namorada, haja templo. Manoel Carlos é bom de diálogo. Até como turista? Estava tudo tão aconchegante. E o Japão lá tão longe. Que espera!



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