São Paulo, sexta, 12 de junho de 1998

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RESTAURANTE - CRÍTICA
Halim serve comida de mãe libanesa

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

Por incrível que pareça, há algo em comum entre a cantina napolitana e a mesa libanesa. É a fartura dos pratos, a generosidade nas porções, a presença gritante do desejo materno de prover a família. De preferência fazendo com que ela coma até estourar.
Hábito refletido nos restaurantes que servem essas especialidades -como uma visita ao libanês Halim pode confirmar, no bairro do Paraíso (aliás, pródigo na cozinha libanesa). Há dois anos no Paraíso, existe há 26, nascido no Brás, rua Oriente.
Seguindo o padrão da maioria de seus semelhantes, o Halim não tem qualquer afetação no ambiente nem no serviço. Pelo contrário, sua louça é a mais simples possível, seu serviço é de botequim, e a atmosfera é a de uma sala de família de classe média baixa.
O jeito familiar é realçado pela presença da proprietária logo na entrada, e de certa forma por todo o caráter da comida servida -a cozinha libanesa, até mesmo nos restaurantes, é uma cozinha da família, da mãe, servida em travessas lotadas, em grandes quantidades. Como a sua versão italiana.
Uma pequena amostra dos quitutes do Halim pode ser obtida na entrada do restaurante, praticamente durante o dia todo. Ali funciona um balcão de lanchonete, onde quibes e esfihas são pedidos por comedores mais frugais ou mais apressados.
O salão do restaurante fica ao fundo, limitado pelas boquetas pelas quais se vislumbra a cozinha. De lá saem os pratos que pouco mudaram em quase três décadas, oferecidos por Halim Sultan, 56, e Lila Sultan, 45, ambos paulistas.
São os pratos que se tornaram habituais aos paulistanos, como a boa coalhada seca, cremosa e de pouca acidez, ou o babaganush, pasta de berinjela, com delicado sabor defumado, entre outras opções frias (como o quibe cru ou a pasta de grão-de-bico).
São itens que fazem parte do rodízio da casa, uma sequência de dez pratos trazidos à mesa, que se completa com charutinhos de folha de uva ou repolho; tripa recheada com arroz e carne; cordeiro ensopado ou recheado; kafta supertemperado -entre outras opções que podem variar a cada dia. Sempre fartas e a preços também de mãe.

Cotação: regular / $
Onde: r. Dr. Rafael de Barros, 64 (Paraíso), tel. 011/887-5167
Quando: seg a sáb, 7h/24h; dom, 7h/18h
Cozinha: libanesa, farta, de tom caseiro
Ambiente: balcão de lanchonete na entrada, salão bem simples atrás
Serviço: por vezes, esbaforido Cartão: nenhum
Quanto: pratos quentes, R$ 8,50 a R$ 13. Rodízio (cinco pratos frios e cinco quentes trazidos à mesa), R$ 18


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