São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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"Vôo de Coração" é ouro pop

da Reportagem Local

O massacre promovido à época, a partir de "Menina Veneno", estabeleceu a caricatura. Ritchie levou fama de homem de um disco só e se tornou uma das piadas da década -RPM foi a outra.
A piada, aqui, ocultou um músico ferino, de raro faro pop -Lulu Santos ficou com a fatia mais gorda, mas Ritchie, com o auxílio do parceiro Bernardo Vilhena e de músicos como Lobão, Liminha, e o próprio Lulu, estava no páreo.
Descontos devem ser dados, em benefício dos 80, à década da pasteurização. As letras de "Vôo de Coração" (Sony, 83) eram debilóides, o tratamento tecnopop pretendia (e obteve) um "Thriller" (Michael Jackson, 82) à brasileira, o sotaque gringo do cantor de voz de funil era mesmo engraçado.
Tudo vinha contra, mas "Vôo de Coração" é um negócio. Incomum exemplo de quando várias virtudes (e defeitos) se concentram num resultado imprevisível, é daqueles discos de ouvir três vezes seguidas.
Não só o nonsense -a voz fanhosa de "Pelo Interfone" é um clássico- faz sua delícia. A obscura "Tudo Que Eu Quero (Tranquilo)" encerra o disco em tempo de pop perfeito, lírico, emocionante.
E ele não era homem de um disco só. "E a Vida Continua..." (84) vinha na mesma pegada, mas aí a máquina moedora de gente já estava engraxada. Seguiram-se LPs (todos longe de catálogo) nunca desprezíveis, mas sempre perdidos, até ele se calar de vez. Uma pena, como ele mesmo diz. (PAS)


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