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"Vôo de Coração" é ouro pop
da Reportagem Local
O massacre promovido à época,
a partir de "Menina Veneno", estabeleceu a caricatura. Ritchie levou
fama de homem de um disco só e
se tornou uma das piadas da década -RPM foi a outra.
A piada, aqui, ocultou um músico ferino, de raro faro pop -Lulu
Santos ficou com a fatia mais gorda, mas Ritchie, com o auxílio do
parceiro Bernardo Vilhena e de
músicos como Lobão, Liminha, e o
próprio Lulu, estava no páreo.
Descontos devem ser dados, em
benefício dos 80, à década da pasteurização. As letras de "Vôo de
Coração" (Sony, 83) eram debilóides, o tratamento tecnopop pretendia (e obteve) um "Thriller"
(Michael Jackson, 82) à brasileira,
o sotaque gringo do cantor de voz
de funil era mesmo engraçado.
Tudo vinha contra, mas "Vôo de
Coração" é um negócio. Incomum
exemplo de quando várias virtudes
(e defeitos) se concentram num resultado imprevisível, é daqueles
discos de ouvir três vezes seguidas.
Não só o nonsense -a voz fanhosa de "Pelo Interfone" é um
clássico- faz sua delícia. A obscura "Tudo Que Eu Quero (Tranquilo)" encerra o disco em tempo de
pop perfeito, lírico, emocionante.
E ele não era homem de um disco
só. "E a Vida Continua..." (84) vinha na mesma pegada, mas aí a
máquina moedora de gente já estava engraxada. Seguiram-se LPs
(todos longe de catálogo) nunca
desprezíveis, mas sempre perdidos, até ele se calar de vez. Uma pena, como ele mesmo diz.
(PAS)
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Como comprar: MusiClub, tel. 011/ 3037-2600.
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