PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

É dia 3 de outubro, segundo Roberto Carlos, Sony Music e MTV. Gravado em maio passado e previsto inicialmente para vir a público em junho, o "Acústico MTV" só nessa nova data perderá o ineditismo, embora só em CD, e não em imagem. "Parei na Contramão", a primeira faixa de trabalho, já estará no ar a partir da próxima semana.
A estratégia mercadológica é meticulosa, mas ninguém admite publicamente a expectativa de venda ventilada à boca miúda -de 4 milhões de exemplares, contra a habitual (e muitas vezes contestada) marca de 1 milhão de cópias a cada Natal.
"Roberto já vende mais de 1 milhão de cópias naturalmente, portanto comercialmente queremos muito mais ", afirma o empresário do artista, Dody Sirena.
"Realmente eu espero que quebremos todos os recordes de venda neste país com esse álbum. Só depende dele", despista o presidente da Sony, José Antonio Eboli. A gravadora evita admitir a cobiça pela cifra de 4 milhões de cópias, mas os recordes recentes de venda são de CDs do padre Marcelo Rossi (98) e do Só pra Contrariar (97), com 3,2 milhões e 3,3 milhões de exemplares escoados, respectivamente.
Sirena admite que razões comerciais fizeram Roberto transformar o "Acústico MTV" em seu disco deste ano (no lugar no habitual CD de Natal, que acabou cancelado em 2001) e postergar o lançamento de junho para agora, já perto do fim do ano.
"Por ter ficado tão entusiasmado com o resultado final, ele decidiu que este deveria ser o disco de final do ano. Por essa razão faremos o lançamento promocional em setembro e colocaremos os discos nas lojas em outubro, para aproximar mais do Natal", diz o empresário.
O empresário de Roberto Carlos diz que o encontro com a MTV era sonho antigo ("há mais de dez anos estávamos aguardando o "OK" de Roberto para esse projeto") e admite que esteja em marcha um plano de revigorar a imagem do artista:
"Queremos transitar de uma maneira direta entre o público jovem que admira, respeita e reconhece seu trabalho, mas que, segundo pesquisas, não é o grande comprador de seus discos".
"Não sei se o "Acústico" abre uma nova fase de Roberto, mas com certeza é histórico, um dos melhores trabalhos de sua carreira", diz Sirena.
Ele diz que projetos anteriores não estão abandonados: "O disco sertanejo não foi cancelado, nem será. Talvez mude o nome, mas não o conceito. Possivelmente será retomado no próximo ano, se decidirmos lançar dois projetos em 2002. Não temos a pretensão de mudar só por mudar".
Após desavenças com a MTV no ato da gravação do "Acústico", a Globo, detentora exclusiva do direito de imagem de artista, anunciou que vai, ela própria, fazer um videoclipe de "Parei na Contramão". Mas fica na retaguarda diante dos indícios de um final de ano diferente para Roberto Carlos. "O formato do show ainda não está desenhado", afirma o diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger.
Ele parece discordar da possibilidade de que o disco com a MTV modifique a rotina anual do contrato Globo/Roberto Carlos:
"O especial de fim de ano é que normalmente alavanca a venda do disco anual. Quando aceitamos a proposta de permitir o acústico da MTV paralelamente ao nosso programa, nossa intenção é justamente a de prestigiar Roberto Carlos, um parceiro de longa data".
Sirena dá suas próprias informações: "É provável que aproveitemos o "Acústico" no especial da Globo, mas esse é um assunto que será discutido no decorrer deste mês com a Globo e com o diretor do programa, Roberto Talma".
Ele põe panos quentes nas desavenças: "Foi uma discussão de negócios entre Globo e MTV, em que Roberto Carlos não tinha porque se envolver. Ele reconhece e respeita a credibilidade da MTV junto ao público jovem. Conhece a linguagem da MTV e aceitou a parceria para o disco. E continua, com muita satisfação, sendo um contratado exclusivo da Globo".


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