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MÚSICA
Show com a banda brasileira Angra e as inglesas Whitesnake e Judas Priest uniu diferentes gerações em São Paulo
Velha-guarda do heavy metal toma Anhembi
DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Esta semana não deve ser a melhor para quem pretende comprar qualquer tipo de roupas com
tecido preto. A julgar pela presença maciça de pessoas com vestimentas assim na noite da última
sexta-feira na arena montada no
Anhembi, vai faltar preto.
No show que reuniu a banda
brasileira Angra e as inglesas
Whitesnake e Judas Priest, o clichê dessa velha-guarda do heavy
metal se repetiu: muito mais homens do que mulheres, cabelos
compridos, caras de mau e a indefectível camiseta preta.
Se em Porto Alegre, na semana
passada, o público frustrou as expectativas, em São Paulo, o espaço
reservado para 35 mil estava quase todo tomado.
Palco montado com todos os
apetrechos. Plataformas móveis
nas quais o vocalista Rob Halford,
muito performático, dançava como robô e se mexia sem parar.
Entrada para o bis numa moto. E
o som... Judas é barulhento, forte
e tem riffs dos mais divertidos e
pegajosos do mundo metal. Halford ainda segura bem todo o
show, mas sua voz já tem que baixar alguns tons em relação à gravação original. Foi o melhor show
da noite que começou com um
Angra com pouco pique e teve no
Whitesnake apenas um aperitivo.
O grupo de David Coverdale até
empolgou o público, mas fez um
show curto e burocrático, entoando canções clássicas e dando pausas de solos instrumentais.
De pai para filho
Se as duas principais bandas da
noite tiveram seu auge nos anos
70 e 80, a média de idade do público não era de pessoas que foram
jovens nessas décadas. Havia
muitos adolescentes de hoje, que
muitas vezes aprenderam com os
pais a gostar desses grupos.
O advogado Adriano Micheletti, 39, levou o filho Armando, 14,
para os shows. Armando começou a ouvir rock com o pai e agora
os dois vão juntos a esses eventos.
"Viemos ver especialmente o
Whitesnake. O Armando inclusive roubou meu DVD depois que o
assistimos quase até furar."
E a herança não é só entre "pai"
e "filho". A dona-de-casa Eliana
Pinto fez questão de reunir as filhas Flávia, 20, e Michele, 23, para
ir ao show. "Ela que convenceu
todo mundo. Estava louca para
ver o Whitesnake", disse Flávia,
que começou a gostar depois de
tanto ouvir esse tipo de música,
que embala os "almoços de família". "As amigas delas estranham
que eu goste tanto. Elas dizem que
queriam ter uma mãe assim."
No sentido contrário, Eduardo
Carvalho, 14, foi ao show com
dois amigos e o pai, o engenheiro
Carlos Barroso, 45. "Sou só motorista, na verdade. Acho muito legal que a molecada goste desses
grupos mais antigos", disse. O objetivo era ver Angra e Judas Priest,
banda que estava separada da formação original há 15 anos, mais
que a idade deles.
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