São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2005

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MÚSICA

Show com a banda brasileira Angra e as inglesas Whitesnake e Judas Priest uniu diferentes gerações em São Paulo

Velha-guarda do heavy metal toma Anhembi

DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Esta semana não deve ser a melhor para quem pretende comprar qualquer tipo de roupas com tecido preto. A julgar pela presença maciça de pessoas com vestimentas assim na noite da última sexta-feira na arena montada no Anhembi, vai faltar preto.
No show que reuniu a banda brasileira Angra e as inglesas Whitesnake e Judas Priest, o clichê dessa velha-guarda do heavy metal se repetiu: muito mais homens do que mulheres, cabelos compridos, caras de mau e a indefectível camiseta preta.
Se em Porto Alegre, na semana passada, o público frustrou as expectativas, em São Paulo, o espaço reservado para 35 mil estava quase todo tomado.
Palco montado com todos os apetrechos. Plataformas móveis nas quais o vocalista Rob Halford, muito performático, dançava como robô e se mexia sem parar. Entrada para o bis numa moto. E o som... Judas é barulhento, forte e tem riffs dos mais divertidos e pegajosos do mundo metal. Halford ainda segura bem todo o show, mas sua voz já tem que baixar alguns tons em relação à gravação original. Foi o melhor show da noite que começou com um Angra com pouco pique e teve no Whitesnake apenas um aperitivo.
O grupo de David Coverdale até empolgou o público, mas fez um show curto e burocrático, entoando canções clássicas e dando pausas de solos instrumentais.

De pai para filho
Se as duas principais bandas da noite tiveram seu auge nos anos 70 e 80, a média de idade do público não era de pessoas que foram jovens nessas décadas. Havia muitos adolescentes de hoje, que muitas vezes aprenderam com os pais a gostar desses grupos.
O advogado Adriano Micheletti, 39, levou o filho Armando, 14, para os shows. Armando começou a ouvir rock com o pai e agora os dois vão juntos a esses eventos. "Viemos ver especialmente o Whitesnake. O Armando inclusive roubou meu DVD depois que o assistimos quase até furar."
E a herança não é só entre "pai" e "filho". A dona-de-casa Eliana Pinto fez questão de reunir as filhas Flávia, 20, e Michele, 23, para ir ao show. "Ela que convenceu todo mundo. Estava louca para ver o Whitesnake", disse Flávia, que começou a gostar depois de tanto ouvir esse tipo de música, que embala os "almoços de família". "As amigas delas estranham que eu goste tanto. Elas dizem que queriam ter uma mãe assim."
No sentido contrário, Eduardo Carvalho, 14, foi ao show com dois amigos e o pai, o engenheiro Carlos Barroso, 45. "Sou só motorista, na verdade. Acho muito legal que a molecada goste desses grupos mais antigos", disse. O objetivo era ver Angra e Judas Priest, banda que estava separada da formação original há 15 anos, mais que a idade deles.

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