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Hemingway é o premiado mais citado
CYNARA MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cem anos de Nobel, começando com o francês Sully Prudhomme (1839-1907), hoje desconhecido, e fechando com o trinitário radicado na Inglaterra V.S.
Naipaul, quem de fato mereceu
ganhar o maior prêmio literário
de todos os tempos?
Sem dúvida, o nome mais questionado da lista é o do ex-primeiro-ministro britânico Winston
Churchill (1874-1965), ganhador
do prêmio em 1953 "por sua
maestria nas descrições históricas
e biográficas assim como pela brilhante oratória em defesa dos direitos humanos". No Brasil, suas
memórias foram publicadas pela
Nova Fronteira.
"Deve ter sido uma coisa política. Nunca li nada dele", diz o tradutor Paulo Henriques Britto, que
versou sete livros de V.S. Naipaul
para o português, inclusive o mais
famoso deles, "Uma Casa para o
Senhor Biswas".
"Naipaul merece o prêmio, é
um escritor muito bom, maravilhoso, embora seja uma pessoa
terrível", diz. Entre seus Nobel
prediletos, o tradutor aponta o
poeta irlandês W.B. Yeats (1865-1939), ganhador em 1923, e o dramaturgo inglês George Bernard
Shaw (1856-1950), premiado em
1925. Mas o favorito mesmo é o
também dramaturgo Samuel Beckett (1906-1989), Nobel de 1969.
"Cheguei a me tornar fanático por
teatro por causa dele."
O escritor Luiz Alfredo García-Roza, criador do detetive Espinosa ("Vento Sudoeste", Cia. das Letras), adverte antes de responder:
"Eu não li nem a metade desse
pessoal". E cita, entre seus premiados favoritos, três: o francês
Jean-Paul Sartre (1905-1980), que
ganhou e recusou o prêmio em
1964, e os norte-americanos Ernest Hemingway (1899-1961), ganhador de 1954, e William Faulkner (1897-1962), Nobel de 1949.
"Sartre ocupa um lugar especial
no meu coração, Hemingway foi
um inovador, e "Palmeiras Selvagens", de Faulkner, é fantástico",
justifica. Para o escritor, houve
um grande excluído pelo prêmio:
Jorge Luis Borges (1899-1986).
A escritora Fernanda Young
("Vergonha dos Pés", Objetiva)
também escolheu Hemingway.
"Apesar de não gostar de "O Velho e o Mar", é um de meus escritores favoritos", diz Young, que
não acompanha a premiação.
Ouvidos pelo suplemento cultural do jornal espanhol "El Mundo" (www.elcultural.es), dois
Nobel, o espanhol Camilo José
Cela (1989) e o português José Saramago (1998) também responderam sobre seus "colegas" prediletos. Cela citou o inglês Rudyard
Kipling (1865-1936), ganhador
em 1907, Hemingway e o francês
Albert Camus (1913-1960), Nobel
de 1957. Já Saramago preferiu ironizar a escolha do pioneiro Prudhomme em detrimento de Tolstói (1828-1910) e Emile Zola (1840-1902) e apontar os ausentes: Franz
Kafka (1883-1924), Borges e Fernando Pessoa (1888-1935), "os
três escritores que definem o século 20".
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