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"TANGO"
Filme de Saura é belo e vazio
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
"Tango" é um filme ostensivamente bonito -e vazio.
Como não tinha nada de
novo a dizer, o espanhol
Carlos Saura requentou a
fórmula de seu "Carmen",
dando-lhe uma nova e vistosa roupagem.
Trocou Madri por Buenos
Aires e o flamenco pelo tango. Chamou Vittorio Storaro para fazer uma fotografia
deslumbrante e Lalo Schifrin para compor um tango
moderno à Piazzola. Pronto.
Se em "Carmen" o enredo
do balé de Antonio Gades se
mesclava com a vida dos
bailarinos, aqui se repete o
mesmo jogo de espelhos entre a produção de um filme
sobre o tango e o drama que
se desenrola nos bastidores.
O cineasta Mario Suárez
(Miguel Angel Solá) apaixona-se pela bailarina Elena
Flores (Mia Maestro), estrela
de seu filme, sob os olhos
ameaçadores do amante da
moça, o gângster Angelo
Larroca (Juan Luís Gallardo), financiador da obra.
A história parece ser mero
pretexto para Saura. O que
lhe interessa é exibir uma sucessão de belos quadros
dançantes, como num show
de tango para turistas.
A partir de um certo momento, como em "Carmen",
fica difícil distinguir o que se
passa dentro do espetáculo
do que se passa "na vida".
Dos desencontros amorosos aos confrontos políticos,
tudo é estilizado ao ponto de
perder substância e tornar-se pura estética. Muitos espectadores saem extasiados.
É uma "obra de arte".
Avaliação:
Filme: Tango
Produção: Argentina/Espanha,
1998
Direção: Carlos Saura
Com: Miguel Angel Solá e outros
Quando: a partir de hoje, nos
cines Espaço Unibanco 2 e Belas
Artes Carmen Miranda
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