São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
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"TANGO"
Filme de Saura é belo e vazio

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

"Tango" é um filme ostensivamente bonito -e vazio.
Como não tinha nada de novo a dizer, o espanhol Carlos Saura requentou a fórmula de seu "Carmen", dando-lhe uma nova e vistosa roupagem.
Trocou Madri por Buenos Aires e o flamenco pelo tango. Chamou Vittorio Storaro para fazer uma fotografia deslumbrante e Lalo Schifrin para compor um tango moderno à Piazzola. Pronto.
Se em "Carmen" o enredo do balé de Antonio Gades se mesclava com a vida dos bailarinos, aqui se repete o mesmo jogo de espelhos entre a produção de um filme sobre o tango e o drama que se desenrola nos bastidores.
O cineasta Mario Suárez (Miguel Angel Solá) apaixona-se pela bailarina Elena Flores (Mia Maestro), estrela de seu filme, sob os olhos ameaçadores do amante da moça, o gângster Angelo Larroca (Juan Luís Gallardo), financiador da obra.
A história parece ser mero pretexto para Saura. O que lhe interessa é exibir uma sucessão de belos quadros dançantes, como num show de tango para turistas.
A partir de um certo momento, como em "Carmen", fica difícil distinguir o que se passa dentro do espetáculo do que se passa "na vida".
Dos desencontros amorosos aos confrontos políticos, tudo é estilizado ao ponto de perder substância e tornar-se pura estética. Muitos espectadores saem extasiados. É uma "obra de arte".


Avaliação:   

Filme: Tango Produção: Argentina/Espanha, 1998 Direção: Carlos Saura Com: Miguel Angel Solá e outros Quando: a partir de hoje, nos cines Espaço Unibanco 2 e Belas Artes Carmen Miranda

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