São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
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NOVOS TEMPOS
Pico do Cauê desapareceu com minério

da Agência Folha, em Belo Horizonte


Muitos dos locais de Itabira (110 km a leste de Belo Horizonte), citados por Carlos Drummond de Andrade em seus poemas, já desapareceram.
O exemplo mais famoso é o pico do Cauê, sobre o qual Drummond escreveu que "cada um de nós tem seu pedaço". O pico foi cortado para a extração de minério de ferro pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que obteve a concessão para explorar a área.
A fazenda do Pontal, antiga fazenda dos Quatro Vinténs, que pertencia aos pais de Drummond, deu lugar a uma represa para contenção de rejeitos da mineração.
A casa da fazenda onde Drummond nasceu, entretanto, foi preservada. A CVRD desmontou a construção, que será erguida novamente em um parque ecológico próximo à cidade.
Antes do desmonte, a casa foi fotografada e desenhada em planta. Sua reconstrução foi um dos itens necessários para que a empresa conseguisse a licença ambiental para instalar seu projeto de mineração.
A assessoria da CVRD informa que existe um documento escrito de próprio punho por Drummond de Andrade que afirma não existir interesse da família em preservar a construção.
A prefeitura também está recuperando o poço da Água Santa, uma fonte de água quente que era usada pela população para se banhar e que foi citada pelo poeta no livro "Boitempo 2 (Menino Antigo)".
"A tarde não cai na Água Santa, ela pousa na gameleira, fica vendo os meninos se banharem", narra o poeta, em "O Banho".
Maria Lúcia de Pinho Tavares, primeira-dama de Itabira, explica que a fonte foi contaminada por esgotos urbanos e deixou de ser utilizada pela população. (CHS)


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