São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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comentário

Diretor torna público seu cúmplice

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com "Rebobine, por Favor", Michel Gondry, 45, torna-se uma espécie de rei da geração YouTube. Não é apenas uma declaração de amor ao cinema que guia o filme.
"Rebobine" é, antes de qualquer coisa, uma ode ao fazer cinema com os próprios recursos, no estilo "faça você mesmo", ou seja, uma das bases do site de compartilhamento de vídeos.
Já nos anos 90, antes da criação do YouTube (em 2005), Gondry despontou como um dos principais diretores de videoclipes a quebrar o padrão dos tradicionais playbacks.
Nas cenas de "Rebobine" que mostram como Jack Black e Mos Def fazem suas versões rudimentares de blockbusters, ele reaproveita idéias. O grande mérito de Gondry é preferir o artesanal aos dispendiosos efeitos de Hollywood e agir como um mágico que engana a percepção do espectador; a maioria de seus truques é feito na própria câmera.
O recurso que a dupla usa para fazer "King Kong", por exemplo, é apenas uma jogada de perspectiva forçada de câmera, além de cenários, que fazem Jack Black, próximo da câmera, parecer gigante, enquanto a mocinha fica ao fundo, "diminuta". Quando Black e Def xerocam seus rostos e usam as cópias como máscaras, repetem idéia que está em "Let Forever Be" (clipe do Chemical Brothers). Claro, não há nada de genial nessas técnicas. O que torna Gondry um nome cult é sua habilidade em misturar referências e, assim, ganhar a cumplicidade do público com esse lado quase infantil que possui.


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