São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 1998

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Verdades de Leonilson voltam à tona

especial para a Folha

Lançado em 95, quando de uma grande retrospectiva de sua obra, e atualizado agora, o livro "Leonilson - São Tantas as Verdades" recoloca em cena a obra do artista cearense José Leonilson (1957-1993), uma das mais líricas dos anos 80.
Embora inicialmente ligado ao grupo de artistas que se convencionou chamar algo imprecisamente de Geração 80, Leonilson teve uma trajetória singular, especialmente após saber que era portador do vírus da Aids.
Nessa época, seus três últimos anos de vida, ele deixa de se interessar tanto pelas pinturas e passa a inscrever, sobre papel e tecido, frases, bordados e desenhos mínimos -seu "diário pessoal".
É justamente esse tipo de diário íntimo que a autora, a pesquisadora Lisette Lagnado, detectou na obra de artistas que sucederam Leonilson. "Começou a haver uma reprodução nociva, uma verdadeira "academia' de diários bordados."
O livro conta com uma cronologia e uma entrevista feita por Lisette com o artista no final de 92 -e editada também em forma de diário. "Durante a entrevista, ele às vezes era um pouco áspero, considerava-se já como alguém moribundo", diz Lisette.
No "quarto dia", por exemplo, comentando "O Perigoso", uma de suas obras, diz Leonilson: "Sou uma pessoa perigosa no mundo. Ninguém pode me beijar. Eu não posso transar (...). Eu tenho uma coisa dentro de mim que me torna perigoso. Não preciso de arma".
Essa reedição do livro tem tiragem de 3.000 exemplares e dois desenhos que não entraram anteriormente. Também acaba por atualizar os colecionadores do artista cearense. (PV)
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Livro: Leonilson - São Tantas as Verdades Autor: Lisette Lagnado Lançamento: DBA/Melhoramentos (tel. 011/ 852-1643) Quanto: R$ 39 (224 págs.)





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