ANA PAULA DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais um "reality show" que enaltece valores como a beleza a qualquer custo, "A Fonte da Juventude", que o GNT exibe hoje, vende-se como um programa de histórias reais sobre pessoas que encontraram a tão sonhada fonte da juventude com exercícios, dieta balanceada e vida saudável.
Só esqueceram de avisar que, entre uma atividade física aqui e um regime milagroso ali, cirurgia plástica e tratamentos estéticos questionáveis se sobrepõem ao que deveria ser o objetivo principal: envelhecer com saúde.
Contudo, como as palavras "envelhecer", "saúde" e "corpinho de 30" não necessariamente caminham juntas, o que temos é um desfile de bizarrices.
A começar pela primeira "modelo" do envelhecimento saudável, dentro de uma minissaia e um top bem tropical. A idade, é claro, ela não revela, aliás, não espere saber quantos anos os personagens possuem, apesar de parecer ser imprescindível a um programa como esse tal revelação.
Mas não são apenas meras provocações. Em meio a "boutiques antienvelhecimento", o documentário divulga o que as "senhorinhas" americanas andam aprontando. Nenhuma tem o menor pudor em assumir que foi à Jamaica a fim de se entregar a tratamentos proibidos nos EUA. Como todo "reality" de "antes e depois", esse aqui também mostra cenas de embrulhar o estômago.
Ao menos o programa tem um fim útil, como mostrar o quanto a indústria cosmecêutica -aquela que insere propriedades terapêuticas aos cosméticos- investe e lucra vendendo ilusões em nome de um padrão de estética: segundo o próprio documentário, atualmente essa indústria movimenta US$ 3,2 bilhões por ano; em 2007, a estimativa é de US$ 5 bilhões, quantia que aponta o rumo em que o mundo caminha para banir do imaginário velhinhas com cara de inocente, que lembram em muito nossas avós.