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"DOZE É DEMAIS"
Comédia defende valores provincianos
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
"Doze É Demais!" é uma comédia de gags precárias,
mas de mensagem precisa, incisiva. Seus vilões eleitos são uma
mãe moderna, que não gosta de
famílias grandes, e um ator narcisista, que não quer ter filhos.
Os 12 do título são os Baker, a
"última-família-grande-e-feliz"
da América. Eles vivem contentes
até o dia em que papai Baker (Steve Martin) vai treinar o time de
futebol de uma universidade.
Para dificultar a adaptação das
crianças à nova cidade, mamãe
Baker é obrigada a se ausentar,
ocupando-se da turnê de lançamento de seu livro de memórias.
A confusão que se segue encerra a
seguinte moral: antes fracassar na
vida profissional do que no âmbito familiar. Afinal, não dá pra todo mundo querer ser o número
um. Problema que, por extensão,
aplica-se a toda uma nação.
Estamos aqui de volta à romantização do bom homem comum,
aquele que leva uma vida anônima e saudável no interior do país.
Em seu libelo ao provincianismo,
o filme defende valores antiquados que nem mais se aplicam à
realidade americana. Para começar, ridicularizar "famílias pequenas" num país em que a média de
filhos por família é de 1,87 não parece ser um bom negócio.
O período de sátira às patologias do "american way", moda do
cinema independente que havia
contaminado o "mainstream"
hollywoodiano, parece mesmo ter
sido sepultado pelo 11 de Setembro. Desenterrar velhos valores é
a nova palavra de ordem em
Hollywood. Mas estes, de tão anacrônicos e vazios, só parecem encontrar vazão em produções medíocres e alienadas como esta.
Doze É Demais
Cheaper by the Dozen
Produção: EUA, 2003
Direção: Shawn Levy
Com: Steve Martin, Bonnie Hunt
Quando: a partir de hoje, nos cines
Anália Franco, Morumbi e circuito
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