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"V de Vingança" volta em 2 volumes
PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha
Dez anos depois de sair no Brasil
pela primeira vez, chega às bancas
uma nova edição de "V de Vingança", história em quadrinhos criada
pelos ingleses Alan Moore (roteiro) e David Lloyd (arte).
"V de Vingança" começou a ser
publicado em 1981 na revista inglesa "Warrior". Saiu nos EUA em
1988, dividido em dez edições. A
primeira publicação no Brasil foi
em 1989, em seis números.
A edição de agora, da editora Via
Lettera, divide a história em dois
volumes. As diferenças em relação
à primeira edição, da Globo, são
três: está em preto-e-branco, foi
retraduzida e possui um glossário
no final de cada número comentando as citações -que vão de
Shakespeare a Rolling Stones.
O gibi foi um sucesso graças ao
roteiro de Moore, um dos maiores
nomes da HQ contemporânea. Ele
também escreveu "Watchmen"
(que está sendo relançado) e "Batman - A Piada Mortal".
As histórias de Moore são sombrias, com enredos elaborados e
personagens que não podem ser
definidos como "bons" ou "maus".
Até mesmo quando escreveu uma
história do Batman, Moore tornou
tanto o personagem como seu arquiinimigo Coringa humanos, e
não estereótipos imutáveis de super-herói e supervilão.
Em "V de Vingança", Moore usa
mais uma vez personagens humanos, ou quase humanos, mas certamente repletos de emoções, dúvidas e atitudes justas e injustas.
A "heroína", uma menina de 16
anos, começa a história tentando
se prostituir. O personagem principal, um mascarado conhecido
como V, assassina impiedosamente seus inimigos. Por outro lado, V
luta para derrubar o governo totalitário da Inglaterra futurista em
que vive. (Na verdade, não é tão futurista assim: a história, escrita em
1981, se passa em 1998.)
O futuro que Moore previu para
a Inglaterra é muito semelhante ao
mundo claustrofóbico retratado
por George Orwell em "1984".
O governo, onipresente, possui
câmeras espalhadas pelas ruas; a
cultura foi exterminada, com livros sendo raridades; os inimigos
do líder são levados a campos de
concentração ou assassinados.
V tem fixação pela letra da qual
retirou seu nome. Seu lema é "vi
veri veniversum vivus vici" (em latim, "pelo poder da verdade, eu,
ainda vivo, conquistarei o universo"). O próprio Moore brinca com
a letra, que inicia o nome de todos
os capítulos do livro: "Vilão",
"Voz", "Vaudeville" etc.
V se veste como Guy Fawkes, o
terrorista que tentou explodir o
parlamento britânico em 5 de novembro de 1606. Até hoje, as crianças inglesas, nesta data, malham
bonecos de Guy Fawkes nas ruas.
A primeira ação terrorista de V
no livro é explodir o parlamento
britânico -ele tem sucesso onde
Fawkes falhou. V prega a ausência
completa de governo, com o povo
decidindo tudo por si próprio. A
ideologia defendida por V e pelo
próprio Moore é a da anarquia.
Livro: V de Vingança - volume 1
Autor: Alan Moore
Lançamento: Via Lettera
Quanto: R$ 16 (138 págs.)
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