São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DISCO
O compositor volta ao Maranhão para a gravação de "Boi de Haxixe", depois de ter sido vaiado em show de 90
Zeca Baleiro grava com bumba-meu-boi

DÉCIO SÁ
da Agência Folha, em São Luís

Depois de abandonar a cidade no início dos anos 90 após ser vaiado em um show e não ser "compreendido" pela crítica local, o cantor e compositor Zeca Baleiro esteve no fim-de-semana em São Luís (MA) para as gravações do seu segundo disco "Vô Imbolá" (título provisório).
Em 90, durante show no 2º Seminário Internacional em Defesa da Amazônia realizado na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Baleiro protagonizou uma cena típica de roqueiro em início de carreira. Quebrou seu violão no meio da apresentação e xingou o público que o vaiava e subia no palco para atrapalhar o show.
O cantor, que completou 32 anos anteontem num estúdio em São Luís, conta que o problema foi provocado por um grupo folclórico local.
"Aquele era um show com muito rock pornográfico e meio punk. Um grupo folclórico que ia cantar depois de mim e algumas pessoas começaram a vaiar e a subir no palco querendo que eu cantasse músicas regionais", disse.
Antes de se mudar para São Paulo, há cerca de oito anos, o compositor foi muito criticado pelas experimentações que fazia com os ritmos, principalmente os locais.
Um ano antes desse show, Baleiro, que chegou a cursar jornalismo e agronomia no Maranhão, ainda enveredou pelo campo editorial. Foi um dos fundadores da revista cultural "Umdegrau" (trocadilho com underground).
Para promover a revista, ele montou um circo dentro da UFMA cuja principal atração era "A mulher que vira peixe" (uma mulher aparecia jogando um peixe para cima numa frigideira).
Baleiro é maranhense de Arari (169 km ao sul de São Luís), município conhecido pela grande produção de melancia.

Disco
Em paz com a crítica local -"Talvez ainda incomode algumas pessoas, mas o problema agora é delas", diz -Baleiro começou e terminou anteontem mesmo a gravação de "Boi de Haxixe", um bumba-meu-boi de orquestra (com instrumentos de sopro) que conta com a participação do Boi de Axixá, um dos mais tradicionais do Maranhão.
"Vô Imbolá", faixa-título do disco que deve ser lançado depois da Copa da França, terá entre 13 e 14 músicas e, exceto "Boi de Haxixe", será gravado no Rio.
Deverá ter as participações de Zeca Pagodinho e da também maranhense Rita Ribeiro, parceira de Baleiro e Chico César. Baleiro tem cerca de 500 composições prontas.
O disco trará uma releitura de "Pagode Russo", de Luiz Gonzaga, "Disritmia", de Martinho da Vila, e "Tem que Acontecer", de Sérgio Sampaio.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.