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DISCO
O compositor volta ao Maranhão para a gravação de "Boi de Haxixe", depois de ter sido vaiado em show de 90
Zeca Baleiro grava com bumba-meu-boi
DÉCIO SÁ
da Agência Folha, em São Luís
Depois de abandonar a cidade
no início dos anos 90 após ser
vaiado em um show e não ser
"compreendido" pela crítica local,
o cantor e compositor Zeca Baleiro esteve no fim-de-semana em
São Luís (MA) para as gravações
do seu segundo disco "Vô Imbolá" (título provisório).
Em 90, durante show no 2º Seminário Internacional em Defesa
da Amazônia realizado na UFMA
(Universidade Federal do Maranhão), Baleiro protagonizou uma
cena típica de roqueiro em início
de carreira. Quebrou seu violão no
meio da apresentação e xingou o
público que o vaiava e subia no
palco para atrapalhar o show.
O cantor, que completou 32
anos anteontem num estúdio em
São Luís, conta que o problema foi
provocado por um grupo folclórico local.
"Aquele era um show com muito
rock pornográfico e meio punk.
Um grupo folclórico que ia cantar
depois de mim e algumas pessoas
começaram a vaiar e a subir no
palco querendo que eu cantasse
músicas regionais", disse.
Antes de se mudar para São Paulo, há cerca de oito anos, o compositor foi muito criticado pelas experimentações que fazia com os
ritmos, principalmente os locais.
Um ano antes desse show, Baleiro, que chegou a cursar jornalismo e agronomia no Maranhão,
ainda enveredou pelo campo editorial. Foi um dos fundadores da
revista cultural "Umdegrau" (trocadilho com underground).
Para promover a revista, ele
montou um circo dentro da UFMA cuja principal atração era "A
mulher que vira peixe" (uma mulher aparecia jogando um peixe
para cima numa frigideira).
Baleiro é maranhense de Arari
(169 km ao sul de São Luís), município conhecido pela grande produção de melancia.
Disco
Em paz com a crítica local
-"Talvez ainda incomode algumas pessoas, mas o problema agora é delas", diz -Baleiro começou
e terminou anteontem mesmo a
gravação de "Boi de Haxixe", um
bumba-meu-boi de orquestra
(com instrumentos de sopro) que
conta com a participação do Boi
de Axixá, um dos mais tradicionais do Maranhão.
"Vô Imbolá", faixa-título do disco que deve ser lançado depois da
Copa da França, terá entre 13 e 14
músicas e, exceto "Boi de Haxixe",
será gravado no Rio.
Deverá ter as participações de
Zeca Pagodinho e da também maranhense Rita Ribeiro, parceira de
Baleiro e Chico César. Baleiro tem
cerca de 500 composições prontas.
O disco trará uma releitura de
"Pagode Russo", de Luiz Gonzaga, "Disritmia", de Martinho da
Vila, e "Tem que Acontecer", de
Sérgio Sampaio.
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