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Autor do premiado curta "Ilha das Flores" lança comédia juvenil e finaliza novo longa
A primavera de Jorge Furtado
Divulgação
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André Arteche (Chico) e Ana Maria Mainieri (Roza) estão em "Houve uma Vez Dois Verões", estréia do diretor em longas-metragens |
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Treze anos depois do aclamado
curta "Ilha das Flores", finalmente está nas telas o primeiro longa-metragem de Jorge Furtado,
"Houve uma Vez Dois Verões".
O filme está em cartaz em 11 salas do Sul do país e deverá ser lançado no mês que vem em São
Paulo e no Rio de Janeiro.
Ainda não é "a" obra que todos
os que viram "Ilha das Flores" esperam do cineasta.
"Dois Verões" é uma comédia
juvenil de costumes. Foi filmado
em vídeo digital com elenco desconhecido e baixo orçamento (R$
790 mil) enquanto Furtado captava os recursos que faltavam para
seu projeto mais ambicioso, "O
Homem que Copiava".
O novo longa, estrelado por Pedro Cardoso, Leandra Leal e Luana Piovani, também já foi rodado.
Está em finalização e tem grandes
chances de participar do próximo
Festival de Berlim.
De Porto Alegre, por telefone,
Jorge Furtado falou à Folha a respeito dos dois trabalhos.
Folha - "Houve uma Vez Dois Verões" foi um "aquecimento" para
"O Homem que Copiava"?
Jorge Furtado - Não, porque são
projetos bem diferentes. De certo
modo, meu aquecimento para fazer um longa de produção mais
complicada foi a minissérie "Luna
Caliente", da Globo, em que trabalhei com uma equipe de 120
pessoas.
O "Dois Verões" é um projeto
mais modesto, um filme rápido e
divertido. Seria meu "filme do
ano", ou "filme da estação", se tivéssemos aqui um mercado de cinema de verdade.
Folha - O filme parece buscar uma
ponte entre a adolescência atual e
a que você viveu. O que há de igual
e de diferente entre as duas?
Furtado - De fato, o filme é uma
história de jovens contada por
uma equipe quarentona. O que há
de igual entre a nossa juventude e
a do filme é, primeiro, o cenário,
os lugares de praia aonde íamos
nas férias. As preocupações também são parecidas: arrumar namorada, perder a virgindade.
De diferente há a camisinha, o
telefone celular, o computador e,
principalmente, uma certa ausência dos pais. Nossa adolescência
era uma coisa mais familiar: pais,
tia, avó... Hoje a presença da família é menor no dia-a-dia.
Folha - A intenção paródica parece se restringir ao título, referência
ao romântico "Houve uma Vez um
Verão" (Robert Mulligan, 1971).
Furtado - Pois é, não tem nada
de paródico. É um filme de praia
fora de temporada. Não tem verão, nem surfe, nem frescobol.
O que há em comum com o filme americano "Summer of 42" é
a situação de dois garotos na praia
e a iniciação de um deles por uma
mulher mais velha.
O que eu queria mesmo era retratar essa coisa da turma de
praia, gente de Porto Alegre que
só se encontra na praia, uma vez
por ano, e depois se dispersa. Mas
quis filmar fora de temporada, no
outono, quando todo mundo já
voltou para a escola.
No "Jules e Jim", do Truffaut,
tem uma coisa de que eu gosto
muito: cenas que revelam a ausência de gente. Um lugar que esteve cheio e não está mais.
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