São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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CRÍTICA

Comédia brinca com as paixões juvenis

COLUNISTA DA FOLHA

"Houve uma Vez Dois Verões" é, assumidamente, um filme "menor": uma história simples, narrada de modo linear, envolvendo poucos personagens, interpretados por atores jovens e desconhecidos. O verão praticamente já acabou, mas uma dupla de amigos adolescentes, Chico (André Arteche) e Juca (Pedro Furtado, filho do diretor), passa seus últimos dias na praia, na tentativa de arrumar uma garota e fazer sexo pela primeira vez.
Num fliperama, Chico encontra Roza (Ana Maria Mainieri), garota alguns anos mais velha e muito mais experiente. Eles transam na praia, ele se apaixona, ela some.
De volta a Porto Alegre, Chico procura Roza obstinadamente, aguentando o sarcasmo do amigo. Quando a encontra, ela conta uma história comovente, consegue um dinheiro do rapaz e some de novo. No verão seguinte Roza reaparece, numa outra praia. Não convém contar o que acontece.
O que importa é que é tudo muito leve, rápido e divertido, com diálogos deliciosos. Um olhar humanista, ao mesmo tempo irônico e carinhoso, lançado aos jovens de Porto Alegre e de todo o mundo.
A exemplo do que ocorre em "O Invasor", há aqui uma notável adequação entre a história a ser contada, a proposta estética e as condições de produção.
O vídeo digital, além de conferir agilidade à narrativa, permite um interessante trabalho cromático e de textura da imagem, que adquire um ar curiosamente nostálgico, como se o filme lamentasse a fugacidade daqueles verdes anos que já, já vão passar.
Do mesmo modo, a opção por atores jovens com pouca ou nenhuma experiência em cinema dá aos personagens um frescor e uma vitalidade que dificilmente seriam conseguidos por um elenco mais tarimbado.
A trilha sonora é outro achado: canções que marcaram época nos anos 60 e 70, só que regravadas especialmente para o filme por artistas e bandas atuais.
Ouvem-se "My Pledge of Love" por Ultramen, "Without You" por Wander Wildner e Nikita e as espetaculares "Nasci para Chorar" na voz de Cássia Eller (sua última gravação) e "Coração Tranquilo" (de Walter Franco) com o grupo Pato Fu.
As gerações passam, mas a idéia de juventude permanece intacta. É esse o sentimento que "Dois Verões" comunica, com talento e carinho. (JOSÉ GERALDO COUTO)


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