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CRÍTICA
Comédia brinca com as paixões juvenis
COLUNISTA DA FOLHA
"Houve uma Vez Dois Verões" é, assumidamente,
um filme "menor": uma história
simples, narrada de modo linear,
envolvendo poucos personagens,
interpretados por atores jovens e
desconhecidos. O verão praticamente já acabou, mas uma dupla
de amigos adolescentes, Chico
(André Arteche) e Juca (Pedro
Furtado, filho do diretor), passa
seus últimos dias na praia, na tentativa de arrumar uma garota e fazer sexo pela primeira vez.
Num fliperama, Chico encontra
Roza (Ana Maria Mainieri), garota alguns anos mais velha e muito
mais experiente. Eles transam na
praia, ele se apaixona, ela some.
De volta a Porto Alegre, Chico
procura Roza obstinadamente,
aguentando o sarcasmo do amigo. Quando a encontra, ela conta
uma história comovente, consegue um dinheiro do rapaz e some
de novo. No verão seguinte Roza
reaparece, numa outra praia. Não
convém contar o que acontece.
O que importa é que é tudo
muito leve, rápido e divertido,
com diálogos deliciosos. Um
olhar humanista, ao mesmo tempo irônico e carinhoso, lançado
aos jovens de Porto Alegre e de todo o mundo.
A exemplo do que ocorre em "O
Invasor", há aqui uma notável
adequação entre a história a ser
contada, a proposta estética e as
condições de produção.
O vídeo digital, além de conferir
agilidade à narrativa, permite um
interessante trabalho cromático e
de textura da imagem, que adquire um ar curiosamente nostálgico,
como se o filme lamentasse a fugacidade daqueles verdes anos
que já, já vão passar.
Do mesmo modo, a opção por
atores jovens com pouca ou nenhuma experiência em cinema dá
aos personagens um frescor e
uma vitalidade que dificilmente
seriam conseguidos por um elenco mais tarimbado.
A trilha sonora é outro achado:
canções que marcaram época nos
anos 60 e 70, só que regravadas especialmente para o filme por artistas e bandas atuais.
Ouvem-se "My Pledge of Love"
por Ultramen, "Without You"
por Wander Wildner e Nikita e as
espetaculares "Nasci para Chorar" na voz de Cássia Eller (sua última gravação) e "Coração Tranquilo" (de Walter Franco) com o
grupo Pato Fu.
As gerações passam, mas a idéia
de juventude permanece intacta.
É esse o sentimento que "Dois Verões" comunica, com talento e carinho. (JOSÉ GERALDO COUTO)
Avaliação:
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