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"VOU TE CONTAR"
Obra aguça a vontade de ler as memórias de Walter Silva
DA REPORTAGEM LOCAL
S aber que Walter Silva está
lançando um livro deve atiçar
de imediato qualquer interessado
por música brasileira. Mesmo potencialmente controverso, ele é
museu vivo de uma esquina importante da história brasileira,
que começa com a bossa nova e
desemboca no coração esquerdista/direitista da ainda mais controversa Elis Regina.
Nesse sentido, "Vou Te Contar"
é decepcionante, porque posterga
as memórias e entrega, na contramão, uma lisa compilação de textos críticos/jornalísticos. Faz um
painel da música de que Silva gostava e de seu modo de criticar, o
que não tem interesse tão abrangente quanto teriam suas reminiscências. Seu modelo crítico era
parcial e maniqueísta -só via
virtudes nos eleitos, só enxergava
defeitos nos desafetos. Exagerava
nisso, mas, principalmente, no
uso abusivo do termo "bom gosto" -se gostava de Célia, ela era
"de bom gosto"; se detestava o
populismo de Roberto Carlos, ele
não era "de bom gosto".
Tal modelo crítico só pode pertencer ao passado e a quem tiver
curiosidade por ele. E aí novamente "Vou Te Contar" confirma-se como primeiro e decisivo
passo rumo às necessárias memórias de Walter Silva, personagem
indiscutivelmente fundamental
da concepção da sigla "MPB".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Vou Te Contar
Autor: Walter Silva
Editora: Códex (lançamento hoje, a
partir de 19h, no Instituto Cultural Tomie
Ohtake, av. Faria Lima, 201)
Quanto: R$ 38 (320 págs.)
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