São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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"VOU TE CONTAR"

Obra aguça a vontade de ler as memórias de Walter Silva DA REPORTAGEM LOCAL

S aber que Walter Silva está lançando um livro deve atiçar de imediato qualquer interessado por música brasileira. Mesmo potencialmente controverso, ele é museu vivo de uma esquina importante da história brasileira, que começa com a bossa nova e desemboca no coração esquerdista/direitista da ainda mais controversa Elis Regina.
Nesse sentido, "Vou Te Contar" é decepcionante, porque posterga as memórias e entrega, na contramão, uma lisa compilação de textos críticos/jornalísticos. Faz um painel da música de que Silva gostava e de seu modo de criticar, o que não tem interesse tão abrangente quanto teriam suas reminiscências. Seu modelo crítico era parcial e maniqueísta -só via virtudes nos eleitos, só enxergava defeitos nos desafetos. Exagerava nisso, mas, principalmente, no uso abusivo do termo "bom gosto" -se gostava de Célia, ela era "de bom gosto"; se detestava o populismo de Roberto Carlos, ele não era "de bom gosto".
Tal modelo crítico só pode pertencer ao passado e a quem tiver curiosidade por ele. E aí novamente "Vou Te Contar" confirma-se como primeiro e decisivo passo rumo às necessárias memórias de Walter Silva, personagem indiscutivelmente fundamental da concepção da sigla "MPB".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Vou Te Contar   
Autor: Walter Silva
Editora: Códex (lançamento hoje, a partir de 19h, no Instituto Cultural Tomie Ohtake, av. Faria Lima, 201)
Quanto: R$ 38 (320 págs.)



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