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TEATRO
Texto é lido hoje na Folha
"Um Copo de Mar" foca naufrágio existencial
DA REPORTAGEM LOCAL
"A vida separa as
pessoas". A fala da
personagem Raquel surge lá pela
metade de "Um
Copo de Mar", antes de ela jogar fora o enésimo
comprimido de Lexotan.
Ela vaga entre os amigos, marido incluído, cúmplices da falta de
prumo em seus 30 e poucos anos,
na peça de Mario Teixeira, que
participa hoje do projeto "Leituras de Teatro", na Folha.
Teixeira, 34, faz um recorte da
juventude de classe média que abdica de seus sonhos com certo
pragmatismo.
Troca a poesia por publicidade,
por exemplo, ainda que Carlos
Drummond de Andrade, conforme um dos personagens, sugerisse tal conjugação.
"Ganharam peso, experiência,
algum dinheiro. A vida não foi
cruel com eles. Prova disso é sua
eloquência, a sagacidade. Há uma
camada impermeável que recobre sua sensibilidade. Mas não sofreram, apenas se adaptaram. Cada qual, à sua maneira, sobreviveu", afirma o autor.
A gênese das desilusões, diz ele,
pode estar na formação escolar
distorcida em aulas de estudos sociais e educação moral e cívica.
O preço disso? "Eles sorriem,
quando querem morder", afirma
Mario Teixeira.
Roteirista com experiência em
televisão ("Brava Gente", da Globo) e cinema ("Capitalismo Selvagem", de André Klotzel, 94), na
leitura de hoje o autor traz sua
dramaturgia a público pela primeira vez -ele tem outras peças
na gaveta, para maturar.
Autocrítica
No texto, a autocrítica se reflete
com ironia na boca de um personagem que é jornalista: "Se um
sujeito não tem talento para escrever, vai e faz uma peça... É só
alinhavar diálogos".
Em "Um Copo de Mar" os conflitos transbordam num evento
social, numa sexta-feira à noite.
É quando o casal Paulo (Marcelo Várzea) e Raquel (Eloísa Elena), que caminha para a separação, recebe os amigos num elegante, espaçoso e antigo apartamento do centro velho da cidade
de São Paulo.
O jornalista João (Sílvio Restiff)
tem paixão recalcada por Raquel.
O publicitário Luiz André (Alex
Gruli) traz a tiracolo a bela modelo Ana Rosa (Rejane Arruda), de
22 anos, "estrangeira" e vítima do
naufrágio existencial que acomete
a todos.
O sexto personagem é o gay cinquentão Cesário (Marcelo Mansfield), que tenta em vão levá-los
ao rés do chão.
A leitura, que será dirigida por
Nilton Bicudo e Grace Giannoukas, acontece às 20h, no auditório
da Folha (al. Barão de Limeira,
425, 9º andar, Campos Elíseos, região central de São Paulo).
A entrada é franca. Os interessados em comparecer devem fazer
reservas, das 14h às 17h, pelo telefone 0/xx/11/3224-3473.
(VALMIR SANTOS)
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