São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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TEATRO

Texto é lido hoje na Folha

"Um Copo de Mar" foca naufrágio existencial

DA REPORTAGEM LOCAL

"A vida separa as pessoas". A fala da personagem Raquel surge lá pela metade de "Um Copo de Mar", antes de ela jogar fora o enésimo comprimido de Lexotan.
Ela vaga entre os amigos, marido incluído, cúmplices da falta de prumo em seus 30 e poucos anos, na peça de Mario Teixeira, que participa hoje do projeto "Leituras de Teatro", na Folha.
Teixeira, 34, faz um recorte da juventude de classe média que abdica de seus sonhos com certo pragmatismo.
Troca a poesia por publicidade, por exemplo, ainda que Carlos Drummond de Andrade, conforme um dos personagens, sugerisse tal conjugação.
"Ganharam peso, experiência, algum dinheiro. A vida não foi cruel com eles. Prova disso é sua eloquência, a sagacidade. Há uma camada impermeável que recobre sua sensibilidade. Mas não sofreram, apenas se adaptaram. Cada qual, à sua maneira, sobreviveu", afirma o autor.
A gênese das desilusões, diz ele, pode estar na formação escolar distorcida em aulas de estudos sociais e educação moral e cívica.
O preço disso? "Eles sorriem, quando querem morder", afirma Mario Teixeira.
Roteirista com experiência em televisão ("Brava Gente", da Globo) e cinema ("Capitalismo Selvagem", de André Klotzel, 94), na leitura de hoje o autor traz sua dramaturgia a público pela primeira vez -ele tem outras peças na gaveta, para maturar.

Autocrítica
No texto, a autocrítica se reflete com ironia na boca de um personagem que é jornalista: "Se um sujeito não tem talento para escrever, vai e faz uma peça... É só alinhavar diálogos".
Em "Um Copo de Mar" os conflitos transbordam num evento social, numa sexta-feira à noite.
É quando o casal Paulo (Marcelo Várzea) e Raquel (Eloísa Elena), que caminha para a separação, recebe os amigos num elegante, espaçoso e antigo apartamento do centro velho da cidade de São Paulo.
O jornalista João (Sílvio Restiff) tem paixão recalcada por Raquel.
O publicitário Luiz André (Alex Gruli) traz a tiracolo a bela modelo Ana Rosa (Rejane Arruda), de 22 anos, "estrangeira" e vítima do naufrágio existencial que acomete a todos.
O sexto personagem é o gay cinquentão Cesário (Marcelo Mansfield), que tenta em vão levá-los ao rés do chão.
A leitura, que será dirigida por Nilton Bicudo e Grace Giannoukas, acontece às 20h, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos, região central de São Paulo).
A entrada é franca. Os interessados em comparecer devem fazer reservas, das 14h às 17h, pelo telefone 0/xx/11/3224-3473.
(VALMIR SANTOS)


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