São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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ARQUITETURA E URBANISMO

Seminário internacional no Rio amplia escala do olhar sobre o arquiteto e urbanista, que completaria cem anos

FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ampliar a escala da visão sobre Lucio Costa: de grande arquiteto a enorme pensador da cultura brasileira. Essa operação é o que o seminário internacional "Um Século de Lucio Costa" espera poder operar, de hoje a sexta, no Rio.
Iniciativa da Casa de Lucio Costa (que preserva seu acervo) e dos departamentos cultural da Uerj e de história da PUC-RJ, o encontro é o maior evento de reflexão das comemorações do centenário do arquiteto (1902-1998).
Com 40 conferencistas em cinco dias, o seminário não ambiciona dar conta da completude de Lucio Costa. "É um recorte", dimensiona a historiadora Ana Luiza Nobre, 37, da organização.
Nessa tentativa de "abrir o olhar" sobre Lucio Costa, o evento congrega críticos de arte e literatura, historiadores, antropólogos e, claro, arquitetos. "Alguns estão pela primeira vez pensando Lucio Costa", ressalta Nobre. Outros já se debruçaram largamente sobre ele, inclusive em convívio direto; caso do palestrante inaugural, o historiador francês Yves Bruand.
Para escrever o que se tornaria a principal obra de referência sobre o tema, "Arquitetura Contemporânea no Brasil" (ed. Perspectiva), Bruand viveu aqui entre 60 e 69 e teve em Costa uma fonte valiosa.
Em texto enviado à Folha, ele relembra: "A primeira coisa que me tocou foi a simplicidade calorosa da acolhida e a facilidade com a qual o contato se firmou entre nós, apesar da diferença de status entre o arquiteto e urbanista internacionalmente reconhecido e um jovem universitário".
"A segunda foi a amplitude de sua cultura geral, sua aptidão para falar das questões mais variadas e seu conhecimento histórico do Brasil, que se estendia muito além do quadro específico de seu país."
Entre os conferencistas brasileiros, estão o ensaísta Luiz Costa Lima, o arquiteto Guilherme Wisnik (autor do volume "Lucio Costa", da Cosac & Naify) e Otília Arantes, professora de estética da Universidade de São Paulo.
No rol dos estrangeiros, destaca-se o libanês Ferès el-Dahdah. O professor da Universidade Rice, do Texas, conviveu desde cedo com o pensamento de Costa: cresceu em Brasília, onde seu pai foi embaixador do Líbano, de 78 a 83.
"Sempre questionei a diferença entre a Brasília que conheci e aquela dos livros de história de arquitetura", diz o arquiteto. Em sua fala, "A Arqueologia da Modernidade de Lucio Costa", El-Dahdah resume o papel fundamental de Lucio Costa como pensador da identidade nacional.
As vagas para o seminário se esgotaram em 15 dias. Aos sem vaga, restam a cobertura diária do site Vitruvius (www.vitruvius. com.br) e o telão instalado do lado de fora do auditório do Palácio Gustavo Capanema.
Aliás, o evento não poderia ter melhor casa que o edifício, com o qual a equipe de Lucio Costa mudaria os rumos da arquitetura moderna no Brasil, em 1936.
Durante o seminário, haverá visitas guiadas pelo prédio -cujo projeto teve um dedinho do "papa" do modernismo arquitetônico, o franco-suíço Le Corbusier (1887-1965), e, entre outras contribuições, revelou o até então desenhista Oscar Niemeyer.


UM SÉCULO DE LUCIO COSTA - seminário internacional.
Onde: Palácio Gustavo Capanema (r. da Imprensa, 16, Rio).
Quando: de hoje a sexta, das 10h às 18h. Inscrições encerradas.



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