|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Aos 52, Chefe sabe do que fala
DE NOVA YORK
O climão de "The Rising" é o mesmo de
"Born in the USA", não só
pela volta da E Street Band
mas pela atitude. Se no álbum de 1984 The Boss cantava a desilusão com a América dos Anos Reagan, aqui ele
se desespera com o mundo
pós-11 de setembro.
Contribui para a semelhança, é claro, o retorno do
octeto original, entre eles o
saxofonista Clarence Clemons, o baterista Max
Weinberg e o guitarrista Steve van Zandt, que no hiato
viveu o mafioso Silvio Dante
na série "Família Soprano".
É na sonoridade e na intenção, no entanto, que o
lançamento lembra o álbum
histórico. Isso (e a alusão a
11/9) serviu para que os quarentões corressem às lojas
para garantir seu exemplar,
mas pode significar uma
carreira curta para "The Rising", já que o adolescente
médio, principal comprador
de CDs nos EUA, desconhece a maior parte dos 30 anos
de carreira de Springsteen.
Foi por isso que o músico
escalou o produtor Brendan
O'Brien, famoso por seu trabalho com Pearl Jam, Rage
against the Machine e Korn,
o que efetivamente dá um ar
novo em algumas faixas.
É o caso de "Countin" on a
Miracle", com guitarra mais
pesada, e de "Empty Sky",
que tem uma batidinha irresistível. Já do lado anos 80 estão "Lonesome Day", com
seu ritmo chá-com-pão, e
"Into the Fire".
Mas é a voz do Chefe que
dá unidade a "The Rising", a
mesma voz rouca e rascante
que dizia ser difícil nascer
nos EUA, onde "você termina como um cachorro que
apanhou demais". Aos 52
anos, ele continua sabendo
do que fala.
(SÉRGIO DÁVILA)
The Rising
Artista: Bruce Springsteen
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 28, em média
Texto Anterior: Cantor retoma caminho em direção ao rock Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|