São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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Próximo Rock in Rio poderá ter versão menor e sem estrangeiros

ISRAEL DO VALE
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

O Rock in Rio pode ser a próxima vítima da escalada do dólar. Prevista para janeiro de 2003, a quarta edição do festival produzido pelo publicitário carioca Roberto Medina ainda não obteve os recursos necessários para ser viabilizada.
A hipótese de realização em janeiro de 2003 está descartada. A dúvida é se ainda seria viável realizá-lo no ano que vem. Se for feito, o festival perderá seu caráter internacional.
Medina ainda não desistiu da idéia de um evento no primeiro semestre. Na atual conjuntura, debruça-se sobre uma versão de menor porte, concentrada em artistas nacionais. Teria "um novo formato, com outra proposta", diz. A idéia, contudo, é mantê-lo na Cidade do Rock, em Jacarepaguá, no Rio.
"Projetos em diferentes áreas, não apenas os culturais, estão sendo postergados até o cenário ficar mais nítido", justifica. "O cancelamento do Free Jazz é uma perda para o calendário cultural do país, fruto da instabilidade econômica pela qual estamos passando."
Sob crise em sua matriz, o provedor norte-americano America on Line não assinará mais o patrocínio do Rock in Rio. O afastamento da AOL engessa a entrada de patrocinadores complementares, que só aderem a projetos desse porte depois de a maior parte dos recursos estar assegurada. Foi assim em 2001, por exemplo, com Coca-Cola e Schincariol.
Há pelo menos mais um forte indício de que o evento não teria condições de ser realizado em moldes parecidos em 2003. Cesar Castanho, braço direito de Medina na parte prática do festival em 2001, na função de produtor-executivo, acaba de se mudar para os EUA. De mala e cuia. Transferiu para Miami a base de operações de sua empresa, Blitz Show, para atuar na produção de shows de artistas brasileiros.
Produtor experimentado, na área desde 1978, Castanho acumula passagens pelos principais eventos musicais de grande porte já feitos no país. Seria peça fundamental para a realização do festival, da contratação de artistas ao levantamento da infra-estrutura.
Outro complicador para a execução do festival com seu perfil internacional é a crise argentina. Eventos de grande porte no showbiz costumam ser viabilizados pela diluição dos custos entre diversas praças da região, interna e externamente. Quanto maior a quantidade de shows numa mesma "perna de turnê", mais fácil de ser viabilizado. Sem a Argentina como parceira, os produtores nacionais ficaram mancos.
Enquanto não confirma o Rock in Rio 4, Medina mobiliza a Artplan em torno da RioParade, primeiro braço nacional da Street Parade, o Carnaval de música eletrônica suíço que teve sua edição 2002 no último final de semana.
Produzido em parceria com a Riotur e a Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro, o evento reunirá no próximo 20 de janeiro 30 "Love Mobiles", como a organização batiza seus "trios eletrônicos". Sem exigir grandes parafernálias, a vinda de DJs ainda é barata.



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