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CINEMA
Manifesto lança Dogma à brasileira
AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas
O cineasta Marcelo Masagão
lança hoje, em Gramado, o manifesto "O Dogma e o Desejo", em
defesa de produções cinematográficas de baixo orçamento. A
Folha adianta o texto com exclusividade.
"Façamos filmes baratos", conclui o manifesto em seu "dogma
único". Barato quanto? "Menos
de R$ 1 milhão." A produção média nacional tem orçamento de
R$ 3 milhões.
"O Dogma e o Desejo" critica o
modelo de incentivo à produção
vigente desde a instituição da Lei
do Audiovisual e defende a Embrafilme. "Diretores e gerentes de
MKT (marketing) passaram a ser
experts em cultura. E tudo isso
sem tirar nenhum do bolso", sustenta o manifesto. Sob a tutela da
Embrafilme, prossegue, "o cinema brasileiro era muito mais visto
do que hoje".
No título e no texto, o manifesto
de Masagão tem por referência
básica o movimento Dogma 95,
lançado por cineastas dinamarqueses em Cannes-98. O Dogma
atacava o cinema comercial americano e as bolorentas europroduções "de arte", enquanto o similar
nacional critica o "vírus hollywoodiano" e metralha os filmes
brasileiros de "orçamento elefânticos".
O Dogma defende, em dez
mandamentos, a realização de
um cinema improvisado, rodado
em cenários naturais e sem grandes aparatos técnicos ou estrelas.
Seis filmes já estrearam com o selo (entre eles, "Os Idiotas" e "Mifune") e mais 16 estão a caminho.
Ao menos o triunfo publicitário é
inegável.
O manifesto brasileiro aplaude
"o prazer de fazer filmes" no Dogma, mas não fecha com sua estética "neo-neo-realista" ou com
qualquer outra. Limita-se a defender produções que "estimulem os neurônios" contra aquelas
que os deixam "entediados".
"Nós Que Aqui Estamos por
Vós Esperamos", filme de estréia
de Masagão, já em cartaz em São
Paulo e no Rio, custou US$ 120
mil e concorre no festival gaúcho.
Realizado basicamente a partir de
material de arquivo, "Nós Que
Aqui Estamos..." faz um resumo
do século 20 a partir de personagens reais e ficcionais.
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