São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

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Tudo em ordem

Com ingressos já esgotados, histórica banda New Order toca hoje e amanhã em São Paulo

Ueslei Marcelino/Folha Imagem
O vocalista e guitarrista do New Order, Bernard Sumner, em show em Brasília


LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

"Blue", triste, esta segunda-feira só é talvez para quem não comprou um dos esgotados ingressos para ver a importantíssima (ainda) e veterana banda inglesa New Order, 26, se apresentar nesta noite no Via Funchal, no primeiro show do grupo em São Paulo e terceiro da atual turnê brasileira.
De blue mesmo esta segunda-feira terá certamente "Blue Monday", um entre tantos massivos sucessos que o New Order botará em sua lista de canções para hoje à noite, um setlist que mistura os primórdios da banda ainda como Joy Division (antes do suicídio do vocalista Ian Curtis), a posterior fase pós-punk soturna, o tecnopop dançante e embrionário da música eletrônica, a faceta anos 2000. Enfim, parte relevante da história da música pop.
"As minhas três músicas prediletas nós quase nem tocamos mais", disse Peter Hook à Folha em entrevista em Brasília, horas antes de o grupo de Manchester iniciar, no ginásio Nilson Nelson, sua série de cinco apresentações pelo Brasil.
Um dos baixistas mais marcantes desde que o instrumento foi inventado, Hook revela quais seriam suas canções preferidas do New Order/Joy Division: "Leave Me Alone", "Atmosphere" e "Age of Consent". E por que não toca, Hook? "Não sei dizer. Simplesmente porque não tocamos. Talvez as pessoas queiram ouvir outras."

Segunda vez
Esta é a segunda visita do New Order ao Brasil. O grupo escolheu o país para fazer uma série de seis shows no longínquo 1988, coisa que Peter Hook nem deve mais lembrar...
"Lembro de absolutamente tudo. Dos hotéis que ficamos às boates a que fomos. Aqueles shows no Brasil, para nós, foram selvagens. Na Inglaterra, tocávamos para 2.000 pessoas. Aqui, era para 15 mil, 20 mil.
Nem nos EUA ou no Japão a gente atraía um público tão grande", recorda o baixista. A memória de Peter Hook, 50, está tão viva quanto seu gás.
Desde o ano passado, o baixista arrumou uma nova ocupação profissional e virou DJ.
Quem foi ao festival paulistano Motomix, em setembro, testemunhou que Hook não se limita a ficar atrás de uma mesa, trocando discos e mexendo em botões. O DJ Hook leva suas habilidades de rockstar para as picapes: quase não usa fones de ouvido, dança, pula, canta junto, faz caretas, e, quando o espaço permite, deixa o disco rolando para dar autógrafos.
"Eu odiava essa história de DJs. Achava todos eles um bando de bastardos parasitas. Ainda acho, mas agora me tornei um. Não encaro como um novo trabalho. É uma diversão remunerada", explica Hook.
E como será que o integrante de uma banda que já vendeu 1,5 milhão de cópias em vinil de um mesmo single, "Blue Monday", lida com música na internet e downloads?
"Eu aprecio muito o que está acontecendo. Isso mudou a história da banda. Antigamente, com o produto disco, eram as gravadoras e o artista que precisavam estar satisfeitos. Agora quem tem de estar satisfeito com a música é o ouvinte. Está encerrado todo um ciclo fora de moda e imbecil de se lidar com música", avalia ele.
O New Order repete o show amanhã no Via Funchal, também com ingressos esgotados. Na quinta, a banda toca no Rio.

O jornalista Lúcio Ribeiro viajou a convite da produção do show em Brasília


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