São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Crítica/"No Meu Lugar"

Valente faz filme de emoções contidas

DA REPORTAGEM LOCAL

Seja como crítico ou curta-metragista, Eduardo Valente é parte fundamental do pensamento e do fazer cinematográfico brasileiro. Ao estrear em longa, ele carregou consigo as referências e o olhar do cinéfilo que sabe bem em que imagens acredita.
"No Meu Lugar" constrói-se a partir de três histórias e três tempos que, entrelaçados, nos mostram a fissura social brasileira e a violência que se instala nas atitudes mais banais.
Sua câmera procura, mais do que convencer o espectador de qualquer verdade, dividir com ele as descobertas a respeito do que corre pela tela. O filme é, nesse sentido, um respiro visual no país de "Tropa de Elite".
Há, no entanto, algo que não se completa nesse percurso. Ao evitar o sensacionalismo no tratamento da tragédia, Valente afastou-se também do sentimento dos personagens. A certa altura, o policial envolvido num crime ou a mulher de classe média que perdeu o marido parecem saídos da mesma paleta emocional. A mise-en-scène, cautelosa, contribui para a distância entre o espectador e as vidas retratadas. Nos momentos de afeto, o filme respira verdade; nas cenas mais duras, a câmera surge contida demais. (ANA PAULA SOUSA)


NO MEU LUGAR

Direção: Eduardo Valente
Com: Marcio Vito, Nívea Magno
Produção: Brasil/Portugal, 2009
Onde: a partir de hoje nos cines Espaço Unibanco Augusta, Frei Caneca e Villa-Lobos Cinemark
Classificação: 16 anos
Avaliação: regular




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