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"Amores' retrata transições
da Equipe de Articulistas
A figura masculina, a figura do
pai, está em pleno processo de destruição nas mentes jovens das irmãs Eve, 10, e Cisely, 14. "Amores
Divididos" apresenta a narrativa
de uma decepção de adolescência,
da descoberta de que o pai que elas
tanto amam (e disputam com a
mãe e entre elas mesmas) é um
mulherengo de vida dupla.
A história é narrada do ponto de
vista de Eve (a muito boa Jurnee
Smollett), entre o fim dos anos 50 e
o começo dos 60, numa comunidade crioula (negros de ascendência
francesa) da Louisiana, EUA.
O pai das garotas é um simpático
médico de classe média alta (Samuel L. Jackson) que passa a vida
dividido entre a família e as amantes que vai fazendo em suas consultas. Até que Eve flagra o pai fazendo sexo com uma vizinha na
garagem depois de uma festa. Esse
é o momento crítico do ritual de
transição para o mundo incompreensível e doloroso dos adultos.
A diretora estreante Kasi Lemmons tentou revestir de delicadeza
um universo de sentimentos em
revolução. O filme se passa (lento,
meio arrastado) no cenário poético e arborizado de um braço de rio.
Superstição, magia e mistérios da
sexualidade dão a tônica da história, especialmente na relação do
pai com Cisely. Na simbologia da
água repousa o resto: o universo
fluido, da dissolução da família,
mas também o elemento da regeneração, pela herança do passado,
e da fertilidade, nas implicações do
futuro.
(MARILENE FELINTO)
²
Filme: Amores Divididos
Produção: EUA, 1997
Direção: Kasi Lemmons
Com: Samuel L. Jackson, Jurnee Smollett
Quando: a partir de hoje, nos cines Tamboré
7, Paulista 4 e circuito
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