São Paulo, sexta, 13 de novembro de 1998

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"Amores' retrata transições

da Equipe de Articulistas

A figura masculina, a figura do pai, está em pleno processo de destruição nas mentes jovens das irmãs Eve, 10, e Cisely, 14. "Amores Divididos" apresenta a narrativa de uma decepção de adolescência, da descoberta de que o pai que elas tanto amam (e disputam com a mãe e entre elas mesmas) é um mulherengo de vida dupla.
A história é narrada do ponto de vista de Eve (a muito boa Jurnee Smollett), entre o fim dos anos 50 e o começo dos 60, numa comunidade crioula (negros de ascendência francesa) da Louisiana, EUA.
O pai das garotas é um simpático médico de classe média alta (Samuel L. Jackson) que passa a vida dividido entre a família e as amantes que vai fazendo em suas consultas. Até que Eve flagra o pai fazendo sexo com uma vizinha na garagem depois de uma festa. Esse é o momento crítico do ritual de transição para o mundo incompreensível e doloroso dos adultos.
A diretora estreante Kasi Lemmons tentou revestir de delicadeza um universo de sentimentos em revolução. O filme se passa (lento, meio arrastado) no cenário poético e arborizado de um braço de rio.
Superstição, magia e mistérios da sexualidade dão a tônica da história, especialmente na relação do pai com Cisely. Na simbologia da água repousa o resto: o universo fluido, da dissolução da família, mas também o elemento da regeneração, pela herança do passado, e da fertilidade, nas implicações do futuro. (MARILENE FELINTO)
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Filme: Amores Divididos Produção: EUA, 1997 Direção: Kasi Lemmons Com: Samuel L. Jackson, Jurnee Smollett Quando: a partir de hoje, nos cines Tamboré 7, Paulista 4 e circuito


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