|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
TELEVISÃO
Rei Roberto Carlos elege Rita Lee "rainha"
Em gravação de especial da Globo, cantor e roqueira dividiram o palco pela 1ª vez
Rei trocou o terno tradicionalmente azul pelo bege e cantou antigos hits no programa que vai ao ar no próximo dia 25
CAIO JOBIM
DA SUCURSAL DO RIO
Roberto Carlos encontrou
um par à sua altura. Em seu especial de fim de ano para a Globo, gravado na última quinta-feira no Rio, pela primeira vez
ele e Rita Lee dividiram o palco.
Ao recebê-la, acompanhada do
marido Roberto de Carvalho e
do filho Beto Lee, o rei a anunciou como a "rainha do rock
brasileiro".
O que se viu em seguida foi
uma seqüência ininterrupta de
sucessos da jovem guarda alternados com clássicos de Rita. De
um só fôlego, eles cantaram
"Mamãe me Empresta o Carro", "Parei na Contramão",
"Flagra", "Splish Splash"
-"uma delícia", segundo Rita,
que antes do show prometera
dar "um beijão" em Roberto-,
"Mania de Você", "Cama e Mesa", "Baila Comigo" e "Garota
Papo Firme".
Rita disse, antes do show, que
a jovem guarda serviu de inspiração aos Mutantes. "Erasmo,
Wanderléa e Roberto eram
uma coisa que inclusive os Mutantes pegaram a formação:
uma garota e dois manos [ela e
os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo
Baptista]. A gente tentou fazer
jovem guarda, mas os Mutantes
eram aquela coisa de querer o
equipamento no palco, fios, cabos, e a jovem guarda tinha
uma estética mais limpa."
Foi o único momento da noite em que as guitarras se fizeram ouvir, com direito a solo de
Beto Lee, animando um Roberto quase apático, que até então
se mantinha fiel ao roteiro tradicional -de canções ("Emoções", "Como É Grande Meu
Amor por Você") e de palavras
dirigidas à platéia.
Antes, ele recebera Neguinho
da Beija-Flor, a bateria da escola e algumas passistas. Se as
9.000 pessoas, entre convidados globais e pagantes, que lotavam a HSBC Arena, na zona
oeste do Rio, sambaram nas cadeiras, do jeito que dava, Roberto limitou-se a tentar reger
a batucada e acompanhar Neguinho em "Deusa da Passarela", hino da escola de Nilópolis.
Se não leva jeito para mestre de
bateria -"minha praia é outra",
justificou-, saiu-se bem como
puxador de escola de Carnaval.
O rock e o samba trouxeram
frescor e animação à apresentação, deixando em segundo
plano a orquestra do maestro
Eduardo Lages, cujos arranjos
pasteurizam o repertório de
Roberto Carlos. Entra ano, sai
ano, continuam os mesmos.
Ainda assim, com um repertório como o de Roberto e uma
platéia há muito conquistada
-predominavam casais de
meia-idade e senhoras em roupas de domingo-, a única coisa
capaz de atrapalhar o andamento do show eram as constantes interrupções para se
adaptar aos convidados, como
se estivéssemos mesmo assistindo a um programa de TV.
Com terno bege, outro fato
incomum, o cantor recebeu os
sertanejos Zezé Di Camargo e
Luciano, cuja reverência engessou a interpretação a três vozes
de "Distância", gravada pela
dupla em seu novo disco.
O último convidado foi Caetano Veloso, chamado ao palco
no fim de "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos", canção
dedicada ao baiano quando ele
se encontrava exilado em Londres. Para quem não pôde assistir ao show dos dois pelos 50
anos da bossa nova, em agosto
deste ano, ver Caetano e Roberto dividindo "Força Estranha"
e "Chega de Saudade" foi mais
do que apenas uma compensação. A maioria ali há de reviver
o momento no dia 25, na transmissão do especial pela Globo.
Texto Anterior: Crítica/"Granta em Português/3": Coletânea reúne bons textos em tom de melancolia e desencanto Próximo Texto: Livro vê cantor da jovem guarda aos anos 2000 Índice
|