São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2008

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TELEVISÃO

Rei Roberto Carlos elege Rita Lee "rainha"

Em gravação de especial da Globo, cantor e roqueira dividiram o palco pela 1ª vez

Rei trocou o terno tradicionalmente azul pelo bege e cantou antigos hits no programa que vai ao ar no próximo dia 25


CAIO JOBIM
DA SUCURSAL DO RIO

Roberto Carlos encontrou um par à sua altura. Em seu especial de fim de ano para a Globo, gravado na última quinta-feira no Rio, pela primeira vez ele e Rita Lee dividiram o palco. Ao recebê-la, acompanhada do marido Roberto de Carvalho e do filho Beto Lee, o rei a anunciou como a "rainha do rock brasileiro".
O que se viu em seguida foi uma seqüência ininterrupta de sucessos da jovem guarda alternados com clássicos de Rita. De um só fôlego, eles cantaram "Mamãe me Empresta o Carro", "Parei na Contramão", "Flagra", "Splish Splash" -"uma delícia", segundo Rita, que antes do show prometera dar "um beijão" em Roberto-, "Mania de Você", "Cama e Mesa", "Baila Comigo" e "Garota Papo Firme".
Rita disse, antes do show, que a jovem guarda serviu de inspiração aos Mutantes. "Erasmo, Wanderléa e Roberto eram uma coisa que inclusive os Mutantes pegaram a formação: uma garota e dois manos [ela e os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista]. A gente tentou fazer jovem guarda, mas os Mutantes eram aquela coisa de querer o equipamento no palco, fios, cabos, e a jovem guarda tinha uma estética mais limpa."
Foi o único momento da noite em que as guitarras se fizeram ouvir, com direito a solo de Beto Lee, animando um Roberto quase apático, que até então se mantinha fiel ao roteiro tradicional -de canções ("Emoções", "Como É Grande Meu Amor por Você") e de palavras dirigidas à platéia.
Antes, ele recebera Neguinho da Beija-Flor, a bateria da escola e algumas passistas. Se as 9.000 pessoas, entre convidados globais e pagantes, que lotavam a HSBC Arena, na zona oeste do Rio, sambaram nas cadeiras, do jeito que dava, Roberto limitou-se a tentar reger a batucada e acompanhar Neguinho em "Deusa da Passarela", hino da escola de Nilópolis. Se não leva jeito para mestre de bateria -"minha praia é outra", justificou-, saiu-se bem como puxador de escola de Carnaval.
O rock e o samba trouxeram frescor e animação à apresentação, deixando em segundo plano a orquestra do maestro Eduardo Lages, cujos arranjos pasteurizam o repertório de Roberto Carlos. Entra ano, sai ano, continuam os mesmos. Ainda assim, com um repertório como o de Roberto e uma platéia há muito conquistada -predominavam casais de meia-idade e senhoras em roupas de domingo-, a única coisa capaz de atrapalhar o andamento do show eram as constantes interrupções para se adaptar aos convidados, como se estivéssemos mesmo assistindo a um programa de TV.
Com terno bege, outro fato incomum, o cantor recebeu os sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano, cuja reverência engessou a interpretação a três vozes de "Distância", gravada pela dupla em seu novo disco.
O último convidado foi Caetano Veloso, chamado ao palco no fim de "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos", canção dedicada ao baiano quando ele se encontrava exilado em Londres. Para quem não pôde assistir ao show dos dois pelos 50 anos da bossa nova, em agosto deste ano, ver Caetano e Roberto dividindo "Força Estranha" e "Chega de Saudade" foi mais do que apenas uma compensação. A maioria ali há de reviver o momento no dia 25, na transmissão do especial pela Globo.


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