São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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Última Moda

Estilista de Marisa abre Fashion Rio

Walter Rodrigues, que fez os looks da primeira-dama, diz que ela tem pernas lindas e está mais elegante

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

O estilista Walter Rodrigues adora livros. No momento, está lendo "Confissões de um Burguês", do escritor húngaro Sándor Márai. No seu ateliê, em São Paulo, o escritório onde trabalha é cercado de estantes repletas de volumes.
Sua paixão por livros é tanta que ele conseguiu convencer a diretoria do Real Gabinete Português de Leitura, uma das bibliotecas mais bonitas do mundo, a abrigar o seu desfile que acontece hoje, no primeiro dia do Fashion Rio.
A coleção mescla imagens futuristas com formas que ele foi buscar na China, na Guatemala e no Peru. "Eu deveria ter estudado antropologia", ele diz, mostrando a pesquisa "etnográfica" que fez pelo mundo.
Quando não está imerso nos livros, Walter Rodrigues dirige um dos ateliês de "demi-couture" mais requisitados do Brasil, sobretudo por noivas ricas e famosas, como Maria Fernanda Cândido, Carolina Ferraz e Eliana, que casaram com roupas desenhadas por ele.
Em 2002, Walter recebeu a principal encomenda de sua vida até o momento: desenhar os vestidos da primeira-dama Marisa Letícia para a posse de Lula. Marisa apareceu num polêmico look vermelho.
No final do ano passado, o Planalto ligou novamente para Walter. Ele fôra escolhido outra vez para vestir a primeira-dama, na posse do segundo mandato. O estilista projetou três trajes: um amarelo, um azul e um pink. Marisa preferiu os primeiros, e optou pelo amarelo na cerimônia principal.
"Por ser loira, ela estava com receio de usar amarelo. Conversamos, e eu a convenci de que valia a pena. É um tabu brasileiro achar que loiras não devam usar amarelo", diz Walter, que se espantou com a mudança que quatro anos no poder operaram em Marisa. "Ela está hoje mais forte e mais chique."
A cada vez, Marisa ficou cerca de duas horas no ateliê, para escolher as roupas e fazer as medidas. Ela fez poucas exigências ao estilista. Sempre pediu decotes mais próximos do pescoço e mangas abaixo do cotovelo. E não se incomodou com a altura dos vestidos -pouco abaixo do joelho. "Ela é muito segura quanto a isso, pois tem pernas lindas e uma panturrilha muito elegante", observa.
O estilista preferido do Planalto também é um "self-made man", como o presidente Lula. Seu pai era tropeiro de gado em Herculândia, no interior de São Paulo, onde Walter nasceu há 47 anos. Aos 17, começou a trabalhar numa loja de roupas em Tupã. Em 1983, veio para São Paulo. Trabalhou com Glória Coelho ("minha faculdade", ele define) e com Clô Orozco ("meu MBA", completa) e também com o fotógrafo Miro.
Em 85, fundou a própria empresa, com Aurea Yamashita, sua sócia até hoje. Vende suas roupas em mais de 40 multimarcas, mas só agora está convencido de que deve abrir uma loja própria, o que fará neste ano ainda, em São Paulo.
Metade de sua produção é de vestidos de noivas. A outra metade é de roupas de noite sob medida e de prêt-à-porter, este também exportado para países árabes e o Japão, sobretudo.
"A costura é uma mentira. Você esconde algo que não pode mostrar e expõe um detalhe fascinante", revela Walter, sobre o segredo de sua arte.


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