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Ele segundo críticos
da Reportagem Local
Leia abaixo depoimentos
de pesquisadores, estudiosos e críticos musicais sobre o trabalho e a importância de José Ramos Tinhorão.
Jairo Severiano - "Sou
meio suspeito, porque sou
fã dele, embora não concorde com tudo que ele escreve. Acho importantíssimo que esses títulos sejam
reeditados, assim como toda a obra dele, que em geral
está esgotada. Só não concordo com ele num certo
excesso de radicalismo de
opiniões, de não admitir
determinadas linhas harmônicas usadas por achar
que não são brasileiras.
"É difícil para a cultura
popular do Brasil ou de
qualquer país se manter
isolada, é impraticável e até
certo ponto condenável."
Zuza Homem de Mello -
"É um grande historiador
da MPB, mas como crítico é
muito voltado para o lado
sociológico da música, o
que conduz a erros crassos
em termos de crítica. A falta
de conhecimento musical
dele e essa tendência a levar
para o lado sociológico
produzem alguns termos
negativos em sua crítica.
Dizer, por exemplo, que
'Samba de Uma Nota Só' é
plágio da introdução de
'Night and Day' é um erro
crasso, harmonicamente
não tem nada a ver."
Ruy Castro - "Sou grande fã do Tinhorão. É um
pesquisador sério, mergulha na documentação, desencava papéis perdidos há
400 anos. Não sou obrigado
a concordar com as opiniões dele, mas aprendo
muito com ele. Seria importantíssimo que o Brasil
tivesse mais dez ou 20 tinhorões.
"Ele atacou ferozmente a
bossa nova, é um direito
dele. E não foi só ele, muitos eram contra o movimento: Lúcio Rangel, Sérgio Porto, Antonio Maria,
Hermínio Bello de Carvalho, Sérgio Cabral. Uns
morreram antes de mudar
de idéia, outros -Hermínio, Sérgio- viram que a
bossa não era uma ameaça
ao samba. Já Tinhorão é um
homem de opiniões muito
arraigadas.
Hermínio Bello de Carvalho - "É como aquela relação de amor de ódio, mas
ódio jamais -é de amor e
respeito, misturada com
um pouco de insatisfação.
Tinhorão não pode deixar
de ser incluído numa lista
dos pesquisadores sérios do
país, mas provoca uma série de controvérsias. Minha
discordância é quanto à
abordagem de alguns assuntos, tenho sempre feito
ressalvas. Mas tenho que
respeitar nele o grande talento de um cara que não
mente, que é radical, mas
sincero. Ele nos faz refletir
em momentos em que a
mediocridade é tanta que
respinga na vida da gente,
faz até pensar se ele não está
certo, dá até vontade de ficar tão radical quanto ele."
Hermano Vianna - "Admiro muito o trabalho dele.
Acho que é um dos mais interessantes e profundos sobre história da MPB. Ele
tem uma opinião muito
clara sobre as coisas -que
todo mundo conhece-, e é
importante dialogar com
ela. qualquer coisa que se
for pensar sobre isso, a opinião de Tinhorão terá de
ser levada em conta, nem
que seja como um superego
nacionalista e provocante.
"Eu lia Tinhorão quando
adolescente, tenho muitos
artigos recortados, que volto a ler sempre. É muito rígido, às vezes não leva em
consideração outras opiniões. Mas marca posição, e
é importante que as pessoas
tenham posturas fortes.
Hoje tudo anda amorfo,
sem muita opinião. Acho
que há uma carência desse
tipo de postura, principalmente se ela não é de polêmica pela polêmica."
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